domingo, 20 de janeiro de 2019

Teose, ou o ato de nos tornarmos como Deus.



2Pe 1,4 Nos diz que nos tornamos participantes da natureza divina, e isto é certamente verdade. Teose, nada mais é que o nome que damos à doutrina bíblica de termos em nós a natureza divina. 

Confessamos sim, que a união do cristão com seu criador é ontológica, ou seja, ela é pessoal, real e corporal, no sentido de que nosso ser é envolvido no mistério desta união. E isto traz uma consequência para nós. 

Em primeiro lugar, não falamos que o homem deva se tornar Deus, ou que haja esta possibilidade, NÃO!. Esta doutrina de deificação não pode ser sequer considerada cristã. Nem de que de tanto invocar repetidamente o nome de Cristo, teremos uma elevação espiritual que nos coloque em um patamar superior ou que nos leve a contemplar diretamente a luz incriada da presença divina. Também não é isto. 

Voltamos a Aristóteles para entendermos o que compõe o nosso ser: a Substância e a Essência. A Característica de ser humano, por exemplo é de minha Substância, ela me define, mas a característica de ter dois braços é um acidente, ela não me define, então, mesmo que eu venha a perder um braço, eu não fico menos humano. Em suma:
Substância: caracteríticas que definem 

Acidente: características presentes, fazem parte do ser, mas se removidas, não anulam o ser. 

Neste sentido a encarnação de Cristo não é apenas a preparação para a sua obra, mas o próprio fato de Cristo ser feito homem já é parte de sua obra. Em Cristo temos um homem completo, mas sem pecado. A vida de Cristo entre nós nos revela que o pecado é um acidente da alma. E, não tendo pecado algum, ainda assim subsiste sua humanidade. 

A primeira característica da Teose é nos mostrar que atributos de nosso ser podem ser removidos: o pecado, a mortalidade, a corrupção. Nossa união com Cristo efetivamente muda algo em nosso ser, remove atributos que são nossos. 

Mas não é tudo, dizer que somos feitos nova criatura não é mera figura de linguagem! Nos tornamos participantes no que Cristo é.

Justificação importa dizer que nos tornamos perfeitamente justos, Justiça e perfeição são atributos encontrados em Deus. De mesmo modo, temos vida eterna, ao passo que sabemos que a eternidade pertence a Deus. Assim, temos por causa de Cristo, Justiça, retidão, vida eterna, incorruptibilidade ( num plano escatológico), e se temos vida eterna e incorruptibilidade, temos imutabilidade (navamente, num plano escatológico). Estas características que encontramos no ser divino passam a integrar o nosso ser. 

Teose é o nome desta interação onde atributos nos são removidos, outros nos são dados, sem dúvida nenhuma, somos feitos novos. Como Walther dizia: “Não somos livres do pecado, mas já temos nossas afeições transformadas – nós odiamos a natureza do pecado” 

Mas nos tornamos deuses? NÃO! 

Em nosso ser, a substância permanece, assim, Deus sempre será Deus, nunca rebaixado, e o Homem seguirá sendo homem, a participação na natureza divina, de forma alguma anula nossa humanidade, mas a dignifica!
Que bela e reconfortante verdade é esta de que somos feitos verdadeiramente novos, a ainda que nãos eja manifesto tudo aquilo que haveremos de ser, já entramos, hoje nesta nova natureza, cheia de vida, verdade, retidão e justiça!

Gloria Deo!

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