sábado, 17 de fevereiro de 2018

De costas para a Congregação



Alguns dias atrás estava lendo "De Spiritu Sancto" de São Basílio. Levei um tempo para entender o contexto maior, mas, entre muitas passagens, uma chama em especial a atenção para todo cristão de Comunidades Litúrgicas. "Olhamos para o Oriente em nossas orações, mas poucos de nós sabem que estamos buscando nossa própria e antiga pátria, o Paraíso que Deus plantou, o Éden que fica ao leste. Genesis 2:8"
Esta passagem lança uma importante luz sobre o "ad Orientem", ou, para quem não está familiarizado, significa que o Oficiante e todos os sacerdotes voltam-se para o altar (o leste litúrgico)

Virar-se para o altar é uma lembrança de nossa pátria. São Basílio se refere ao Éden, mas entendendo o Éden como o Paraíso. Isto nos lembra que estamos no mundo, mas não o pertencemos. Nosso reino não é daqui. O paraíso vindouro é a Nova Jerusalém, também nos lembrando que somos o povo de Deus, seu Israel espiritual. O Antigo Testamento fala dos israelitas no cativeiro numa terra estranha orando em direção à Terra de seus pais, a cidade que Ele escolheu e o Templo onde está o seu Nome. (2 Crônicas 6:38). De mesma forma, nós oramos voltados ao Oriente, nos lembrando da Nova Jerusalém que Deus nos prometeu.

A cada invocação no início de cada liturgia, lembramos que invocar o nome de Deus em comunidade é verdadeiramente ter Cristo presente, neste momento o paraíso se torna parte de nossa esfera temporal. Virar-se ao oriente ressalta esta natureza escatológica, proclamamos o seu Nome, até que Ele venha. Olhamos para o oriente esperando que o Senhor ressurreto retorne. Como seria estranho se, na invocação, e nas orações dessemos as costas à direção de onde vem a promessa aguardada por toda a igreja, justamente nos momentos onde mais a anunciamos.

Não se sinta mal se o oficiante dá as costas a você durante a liturgia, ele apenas está te apontando o que é maior que ele mesmo, e junto com você, olha para o oriente, para o Paraíso, pois assim como você, ele também deseja deixar esta terra do exílio

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