domingo, 10 de junho de 2018

O que é o Dogma de Calcedônia?




A doutrina Bíblica e ortodoxa promulgada em calcedônia em 451d.C., sustenta que na pessoa de Cristo há duas naturezas, uma humana e uma Divina, cada uma em sua plenitude e integridade e que essas duas naturezas são orgânica e indissoluvelmente unidas sem resultarem daí uma terceira natureza. Em resumo, para usar o dito artigo a doutrina Ortodoxa nos proíbe tanto dividir a pessoa quanto confundir as duas naturezas. Este posicionamento foi necessário para firmar as verdades Bíblicas frente aos ataques dos hereges, suas principais frentes já foram expostas em outro artigo no blog, intitulado “Quem não é Jesus”. 

A fórmula de calcedônia é negativa com exceção da sua declaração de um enosis hipostatikh (união hipostática). Ela procede das naturezas e considera que o resultado da união é pessoa. Considera-se cada uma das duas naturezas em movimento recíproco. O símbolo nada diz de uma anipostasia da natureza humana, nem diz que o Logos fornece o ego da personalidade. Contudo firmaram-se assim os pontos de vista da igreja no ocidente na Idade Média. Essas decisões tão somente expressam, em uma nova forma, sem qualquer acréscimo substancial, o ensino apostólico apresentado no Novo Testamento. Expressam-no numa nova forma, tendo em vista a proteção dos propósitos, do mesmo modo que a lei protege um princípio moral pré-existente. São desenvolvimentos apenas no sentido de que representam o ensino apostólico elaborado em formulas com auxílio de uma terminologia alimentada pela dialética grega: O que a igreja tomou emprestado do pensamento grego é a sua terminologia, não a substância do seu credo. Mesmo com relação a sua terminologia devemos fazer uma importante ressalva; pois o cristianismo deu ênfase a personalidade de Deus e do homem que o helenismo pouco se preocupou. 



O que é Anipostasia? 

Leôncio combateu heresias afirmando que, uma vez que Jesus era verdadeiro homem, Ele tinha um corpo humano e uma alma humana. Caso contrário, sua natureza humana seria incompleta, Ele seria meio homem. logo Jesus, por ter uma alma humana, tinha uma autoconsciência humana, mas esta não possuía existência própria. Ela existia apenas no âmbito da união hipostática, isto é, da união perfeita entre a natureza humana e a divina em uma única pessoa, o Cristo. 

O termo usado por Leôncio para se referir à impossibilidade de a autoconsciência humana de Cristo viver à parte de sua divindade chama-se anipostasia. 



Prova dessa união 

1) Cristo fala uniformemente de si mesmo e fala-se dele como uma só pessoa. Não é nenhum intercâmbio de “eu” e “tu” entre as naturezas divinas e humanas como as achamos entre as pessoas da Trindade como em Jo 17.23. Cristo nunca se refere a si mesmo no plural, a não ser em Jo 3:11, “nós falamos do que sabemos”, e mesmo aqui o é mais provavelmente usado como incluindo os discípulos. 1Jo 4.2, S. João 1. 14, carne, nesses textos juntos nos asseguram que Cristo veio assim na natureza humana para tomar essa natureza um elemento em sua pessoalidade única. S. Jo 17.23 “eu neles e tu em mim para que eles sejam perfeitos em unidade e para que o mundo conheça que tu me enviaste a mim e que tens amado a eles como me tens amado a mim”. Assim também, 3.11, 1 Jo 4.2, Jo 1.14, ele entrou na natureza humana para que a natureza humana e ele formassem não mais duas pessoas, mas uma. 

Ele não é tanto Deus quanto Homem, mas Deus no homem e por intermédio do homem e como homem! Ele é uma pessoa totalmente indivisível. Devemos olhar o elemento Divino no humano e por meio deste. Erramos quando dizemos que algumas palavras de Jesus relativas ao não conhecimento dele de quando seria o dia final (Marcos 13.32) se referem a natureza humana, enquanto outras palavras relativas aos seu ser no céu ao mesmo tempo em que ele estava na terra (João 3.13) se referem a natureza Divina. Nunca há separação da natureza humana para com a Divina, ou da divina para com a humana. Todas as palavras de Cristo foram proferidas e todas as obras de Cristo foram feitas por uma pessoa o Deus-homem 


2) Os atributos e poderes das duas naturezas de Cristo são aplicáveis a Cristo e, às avessas, as obras e dignidades de Cristo são aplicáveis a quaisquer das naturezas, de modo inexplicável, a não ser com base no princípio de que essas duas naturezas são orgânica e indissoluvelmente unidas em uma só pessoa (Rm 13, 1Pedro 3. 18, 1Tim 2.5, Heb 1. 2, 3). Por isso podemos dizer que o Deus-homem existiu antes de Abraão, contudo, nasceu no reino de César Augusto, e que Jesus Cristo chorou, cansou-se, sofreu, morreu, e, ainda é o mesmo ontem, hoje e eternamente, e, por outro lado podemos dizer que Deus nos redimiu em uma cruz e que o Cristo humano está presente com seu povo até o fim do mundo (Ef 1.23; 4.10; Mt 28.20) 


3) As constantes representações escriturística sobre o infinito valor da expiação de Cristo e da união da raça humana com Deus que tem sido asseguradas nele só são compreensíveis quando Cristo é considerado não como um homem de Deus mas como Homem-Deus, em quem as duas naturezas são de tal modo unidas que o que cada uma faz, tem valor em ambas. 
1Jo 2. 2 “Ele é a propiciação pelos nossos pecados e não somente pelos nossos, mas também pelos de todo o mundo”, como prova João em seu Evangelho, Jesus é o filho de Deus, o Verbo, Deus, em sua primeira epístola, ele prova que o Filho de Deus. Não podemos separar os atos divinos de Cristo dos humanos sem considerarmos, ainda com mais força, a unidade da sua pessoa. 


4) Confirma esse ponto de vista lembrar que a consciência cristã católica (aqui usada em seu sentido real e particular, de ser universal) reconhece em Cristo uma pessoa indivisível expressa esse reconhecimento em seus trabalhos de cântico e louvor. 

Na encarnação incluem-se três ideias: 
a) A aceitação da natureza Divina pelo Logos (2Cor 5.19 “Deus estava em Cristo”; Cl 2.9 
b) Nova criatura do segundo Adão por intermédio do Espírito Santo e do Poder do Altíssimo Rm 5.14; 1Cor 15:22; 15.45; Lc 1.35; ) 
c) Fazer-se carne SEM DIMINUIR A DIVINDADE OU A HUMANIDADE ( 1Tim 3.16; 1Jo 4.2; Jo 6. 41,51; 2Jo7 e Jo 1.14 “o Verbo se fez carne”. Esse último texto não pode significar que o Logos deixou de ser o que era e começou a ser apenas homem, não pode ser uma simples teofania na forma humana. Deve-se ter o elemento real da humanidade bem como a realidade do Logos.


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