domingo, 3 de junho de 2018

Quem não é Jesus


( São Nicolau espanca Ário)


Hoje em dia, mais do que nunca temos visto o ressurgimento de velhos pensamentos já condenados pela cristandade. E não é sem motivo, vivemos uma era de muita informação à disposição, mas sem a antiga profundidade do conhecimento. Lembram-se do caso famoso em goiás do Césio-137? Uma pedrinha perigosa que já havia sido descartada é recolhida por alguém sem experiência e leva à desgraça toda uma família ao ser levada para casa, e atinge todos da mesma comunidade em maior ou menor grau. Assim, uma dessas crenças abandonadas pode danificar. Neste artigo, são colocadas algumas delas: 



Ebionistas 

Este grupo negava a natureza divina de Cristo, e sustentavam que ele era apenas homem. Contudo, gozava de uma condição especial com Deus, na qual, desde o batismo, uma plenitude desmedida do Espírito Santo repousava sobre ele. O ebionismo era simplesmente um judaísmo sob o disfarce da Igreja e a negação da divindade de Cristo era uma consequência de sua visão de monoteísmo. 

Há algumas divergências sobre a origem exata do movimento, certo é que o nome deriva do Hebraico, significando “pobres”. Acredita-se que derivam dos refugiados do ano 66 d. C., pouco antes de Jerusalém ser destruída, o movimento ganhou força por volta do ano 100 e durou até por volta do ano 400. Não se tratava de um Cristianismo judaizante, mas de uma vertente à parte do cristianismo. 

Os Ebionistas Nazarenos confessavam o nascimento sobrenatural de Cristo, negando, contudo, que pudesse se tratar da encarnação do Verbo Eterno, antes, Jesus teria nascido puramente humano, reconheciam assim, nada além da hipóstasis do Filho. 

Os Ebionistas de Cerinto negavam o seu nascimento sobrenatural, e em seu lugar consideravam o batismo de Cristo como seu nascimento sobrenatural. 

Para este grupo não havia nenhuma união pessoal entre o elemento divino e o humano em Cristo, ou seja, o Cristo é uma força impessoal que desceu sobre Jesus, ele seria uma força pré-existente acima das forças terrenas criadas. Não havia relação pessoal entre o elemento humano, que era Jesus, com o elemento divino, que era o Cristo.
ou Seja, eram duas naturezas uma criada e uma eterna que viviam sob uma mesma “carcaça”. Evidentemente assim rejeitavam qualquer ideia de adoração e os escritos de São Paulo, principalmente a carta aos Hebreus. 



Donatistas 

Seu nome deriva do grego, significando “aparência” e como muitos gnósticos do século 2 e os maniqueístas no século 3 viriam a fazer mais tarde, este hereges que existiram entre os anos 70 e 170 d. C., negavam a realidade do corpo de Cristo. Este ponto de vista era a sequência lógica da suposição de que o mal é inerente à matéria. Se a matéria é má, e Cristo era puro, então o corpo humano de Cristo deve ter sido meramente uma aparência. Nada mais que uma doutrina pagã inserida no meio da igreja. 

O Donatismo valentiniano tornou o Eon, o Cristo, um corpo puramente espiritual e digno dele, ao passar pelo corpo da Virgem como água através de um duto, sem tomar nada para si da natureza humana por intermédio dela. A vida de Cristo seria então somente uma teofania. A sua forma mortal seria então transitória, passageira, não subsistindo depois disto. 

Contra isto, Hebreus 2.14 se torna contundente. Tanto o erro donatista quanto o ebionista sugiram da falha tentativa de se explicar o Homem-Deus a partir da filosofia Aristotélica. 



Arianismo 

Tem seu nome por conta de Ário, condenado em Nicéia em 325 d.C., este grupo negava a integridade da natureza divina de Cristo. Eles consideravam o Logos que se uniu à humanidade em Cristo, não como cheio de divindade absoluta, mas como o primeiro e mais elevado dos seres Criados. Este ponto de vista originou-se de uma falsa interpretação dos relatos escriturísticos do estado de Humilhação de Cristo. 

Enquanto o erro dos sabelianos (seita entre os docetistas) era de reduzir a encarnação do Filho a um fenômeno temporário, Ário acreditava numa maior fixidez desta união, entretanto, a realidade desta filiação requeria uma subordinação ao Pai, Alegando assim ser o Filho ser gerado pelo Pai, entretanto, não eternamente gerado, como preconiza a fé Cristã, mas gerado no tempo, ou seja, sua divindade era em sentido impróprio, não muito distante do conceito de semi-deuses da cultura helênica, e negava, assim que Pai e Filho fossem Deus de uma só substância. 



Apolinaristas 

Seu nome deriva de Apolinário, condenado em Constantinopla em 381 d.C.. Estes negavam a integridade da natureza humana de Cristo. Segundo esse ponto de vista, Cristo, de modo nenhum, tinha Nous ou Pneuma (espírito) humano. A porção humana de Cristo consistia em Soma (corpo) e Psique (mente), sendo o lugar do Pneuma humano preenchido pelo Logos divino. O apolinarismo é uma tentativa de construir a pessoa de Cristo segundo a teoria tricotomista platônica (que afirma ser o homem composto de 3 partes: Corpo, alma e espírito). 

Com este ensino, Cristo não seria homem completo. Para eles, a impossibilidade de se haver uma combinação da alma humana e divina num mesmo ser resultou em negar a alma humana de Cristo. A ideia presente aqui é que havia uma tendência eterna para o elemento humano no próprio Logos, portanto, que Em Deus estava a perfeição da humanidade, e portanto, não há o Verbo que se fez carne, Deus não se torna homem, ele sempre o foi, e houve apenas uma manifestação na carne daquilo que o Logos já era. Este foi o erro de se interpretar erradamente o fato de termos sido feitos a imagem e semelhança de Deus. 



Nestorianismo 

Seu nome deriva de Nestório, exonerado do patriarcado de Constantinopla em 431 d.C., que considerava a unidade da divindade e da humanidade de Cristo mais como uma unidade moral que orgânica propriamente. 

Nestório não gostava da expressão “Maria, Mãe de Deus”. A Declaração de Calcedônia declarava esta verdade, com o significativo acrécimo: “quanto à sua humanidade”. Nestório fazia Cristo um templo de Deus. Ele acreditava na Synáfeia (Adesão), mas não na Enosis (união), em suma, não aceitava a união absoluta das naturezas humana e divina na pessoa singular de Cristo. A adesão fazia de Cristo homem e Deus, mas não um Deus-Homem. 

Desta forma, na cruz, os golpes desferidos contra a humanidade de Cristo não ferem a sua Deidade. Embora a carne possa sofrer, a deidade de Cristo permanecia impassível. Neste pensamento, não pode haver então eficácia divina alguma nos sofrimentos humanos e não há nenhuma união pessoal do elemento divino com o humano. O erro é na verdade um nominalismo filosófico. Ele tão somente acreditava mais numa união local ou moral, como uma união matrimonial, em que os dois se tornavam um. O nestorianismo sustenta que não há encarnação real, só uma aliança entre Deus e o homem, como se fossem siamesas, juntas, porém de uma união limitada. O Cristo de Nestório era um homem deificado, mas jamais um Deus humanado. 



Eutiquianos 

Seu nome deriva de Eutiques, condenado em Calcedônia em 451 d.C., estes negavam a distinção e a coexistência das duas naturezas e defendiam uma mistura de ambas, o que constituía um tertium quid. Como o Divino deve se sobrepor ao humano, nesta mistura, o humano foi totalmente absorvido pela divindade, apesar de que o divino também não ficou sendo o mesmo. Eles eram mais conhecidos como monofisistas, pois, virtualmente reduziam as duas naturezas de Cristo em uma somente. Toda a humanidade de Cristo era uma pequena gota diluída no oceano da divindade, esta mescla a fazia ser totalmente absorvida. Esta teoria nega o elemento humano, e com isto a expiação torna-se uma impossibilidade assim como uma união do homem com Deus. 


Em tempos modernos, mesmo o trinitário as tende a ser levado a confessar que Jesus é homem E Deus, implicando desta forma duas substâncias. O melhor é dizer que o Deus-Homem manifesta todos os poderes divinos e qualidades de que todos os homens são imbuídos, que dizer que a natureza de Cristo seja formada por corpos parciais. 

Aparentemente, o testemunho histórico parece apontar que as possibilidades de heresias e as futuras negações da doutrina cristã da pessoa de Cristo seja, em essência, repetições ou variações dos pontos já mencionados. Por fim, toda heresia historicamente tem girado em torno de: 

1- A realidade das duas naturezas de Cristo 

2- A integridade das duas naturezas 

3- A união das duas naturezas em uma só pessoa 

O ebionismo e o docetismo negam a realidade das naturezas, o arianismo e o apolinarismo negam sua integridade, o nestorianismo e o eutiquianismo negam a sua união. De fato, os modernos sistemas de crenças que tem negado a histórica doutrina bíblica e cristã da pessoa de Cristo tem, na maioria das vezes, repetido as objeções dos antigos predecessores.

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