quinta-feira, 17 de maio de 2018

O Pentecoste nosso de cada dia





O Pentecostes tinha que ser observado no antigo Israel no 50º dia depois que o sacerdote levasse o molho da oferta movida dos primeiros grãos que tinha sido colhido na primavera (Levítico 23.15-21). Recordar a aliança do Monte Sinai, era lembrar o nascimento da nação de Israel quando foi constituído através da lei de Deus dada a Moisés. Era a festa da aliança entre Deus e o povo escolhido (Êxodo 19.3). Isto é de grande significado, porque nos ajuda a compreender a razão pelo qual o Espírito Santo descendeu no dia de Pentecoste. A Igreja nascia assim no mesmo dia em que a nação de Israel. Foi dada à luz ao Israel espiritual, o novo povo de Deus, a Santa Igreja de Cristo.

 As imagens do nascimento da Igreja nos lembram os eventos acontecidos na criação quando Deus sopra vida a Adão, enquanto Jesus sopra o Espírito Santo aos seus apóstolos. No Monte Sinai, encontramos as imagens de uma teofania com fogo, enquanto o dia de Pentecostes observamos sinais semelhantes. Deus nos lembrava assim que, a partir deste momento, a lei não estaria escrita em tabuas de pedra, mas nos corações do Seu povo a través do Espírito Santo (2 Coríntios 3). Isto ainda é mais compreensível quando o apóstolo Pedro proclama que a profecia de Joel estava se cumprindo naquele momento (Atos 2.16). 

Uma nova criação surge em meio de Jerusalém, a Igreja nasce. Jesus diz, “Mas eu, quando for levantado da terra, atrairei todos a mim” (João 12.32). Deus estava realizando o plano e cumprindo a promessa ao povo de Israel através de Jesus Cristo para resgatar as nações do pecado e da morte. A vinda do Espírito Santo no dia de Pentecostes se revelou o plano redentor do Pai para resgatar as nações e criando, assim, um novo povo, um novo Israel, um Israel espiritual (Gálatas 6.16), a Igreja de Cristo, Una, Santa, Católica e Apostólica. O batismo do Espírito Santo no dia de Pentecostes foi o sinal desse novo dia, o nascimento da Igreja.

Esta foi a graça concedida naquele dia. O pentecoste foi o nascimento da igreja, um evento único, que daquela forma não o veremos mais. Isto significa que não veremos mais Deus como um fogo consumidor sobre nós? De forma alguma! A cada um de nós há um pentecoste verdadeiro, no dia que, pelas águas, fomos batizados para dentro do corpo de Cristo.

O Espírito Santo, que é Deus juntamente com o Pai e o Filho, nos alcança pelo batismo; nos torna de tal forma repletos de sua graça que nos liberta do pecado e da morte. E de terrenos que somos, quer dizer, feitos do pó da terra, nos faz espirituais, participantes da glória divina, filhos e herdeiros de Deus Pai.

Pelo batismo, somos inseridos no Corpo de Cristo, fazemo-nos coerdeiros e irmãos, destinados a ser um dia glorificados e a reinar com ele. Em vez da terra, dá-nos de novo o céu, abre-nos generosamente as portas do paraíso, honra-nos mais do que os próprios anjos. 
O batismo, que nada mais é que água unida à palavra de Deus, e, portanto, Evangelho em toda a sua extensão, se constitui de simples água, mas, com a Palavra de Deus, as águas divinas que para nós apaga as imensas e inextinguíveis chamas do inferno.

Israel foi criada duas vezes, uma para os Judeus, e a segunda, o pentecoste de todos nós, cristãos. De modo semelhante, os homens são concebidos duas vezes: uma corporalmente, a outra, pelo divino Espírito. Acerca de um e de outro nascimento, escreveram muito bem os autores sagrados.

São João diz: A todos que o receberam, deu-lhes a capacidade de se tornarem filhos de Deus, isto é, aos que acreditam em seu nome, pois estes não nasceram do sangue nem da vontade da carne nem da vontade do homem, mas de Deus mesmo (Jo 1,12-13).
Todos os que acreditaram em Cristo, afirma ele, receberam a capacidade de se tornarem filhos de Deus, quer dizer, pelo Espírito Santo, e participantes de toda sorte de bênçãos das regiões celestiais. E para ficar bem claro que assim como em pentecoste, o mesmo Espírito nos faz filhos em nosso batismo, acrescenta estas palavras de Cristo: Em verdade, em verdade, te digo, se alguém não nasce da água e do Espírito, não pode entrar no reino de Deus (Jo 3,5).

A fonte batismal é simultaneamente água e fogo. São João Batista, de acordo com esta expressão: da água e do Espírito, diz a respeito de Cristo: Ele vos batizará no Espírito Santo e no fogo (Mt 3,11; Lc 3,16). 
Como um vaso de barro, o homem precisa ser limpo pela água e fortalecido pelo fogo. (Deus, com efeito, é um fogo devorador). Precisamos, portanto, do Espírito Santo para nossa perfeição e salvação. Pois o fogo espiritual sabe também regar, e a água batismal é também capaz de queimar.

A Igreja nasceu pela água e pelo fogo, e cada um de nós também lembramos nosso nascimento a cada pentecoste, pela água e pelo fogo que nos deu o poder de sermos chamados Filhos de Deus!

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