domingo, 13 de maio de 2018

A pregação não é o centro do culto

Ao entrar em uma igreja luterana, é evidente notar que em direção ao leste, o centro do serviço divino não é em torno do púlpito, este, aliás, fica ao para o lado, o ambão onde se fazem as leituras bíblicas igualmente, estão próximos ao canto, todo o centro do culto e em direção ao qual todos se prostram é o altar, a mesa do Senhor onde somos chamados a tomar do sacramento de seu corpo e sangue para perdão dos pecados.
De fato, a pregação da Palavra nos prepara para recebermos este sacramento. Cultuamos o Cristo da Palavra, e não apenas as palavras de Cristo.
Sobre o tema, deixo uma bela reflexão que li esta semana do Bispo Josep Rossello. Como representante da Free Church of England, conhecida no Brasil como Anglicana, temos uma aproximação tanto litúrgica quanto em certos aspectos confessionais, já que tantos os anglicanos quanto os luteranos se colocam como um ponto de equilibrio entre o catolicismo romano e o protestantismo da reforma.
Segue-se o texto sem alterações:

Um dos pontos que acredito ser mais importantes na liturgia cristã é o culto da Santa Ceia, que em vez de estar centrado na pregação, está centrado na Trindade.

O culto não termina nem finaliza quando o pastor acaba seu sermão. em vez disso, o culto flui em uma transição do Púlpito ao Mesa, da Palavra escrita a Palavra encarnada. Isto se faz através da confissão de fé do povo de Deus e suas orações e intercessões diante do Trono da Graça. A partir desse instante, nos adentramos no lugar santíssimo para nos sentar ao redor da Mesa do Senhor e celebrar a vitória do Cordeiro, a Ceia do Senhor. Revivendo, assim, a última ceia que agora é a eterna ceia até que o Cordeiro voltei. Enquanto esperamos tal vinda de Cristo. O estágio final desta jornada do culto cristão nos leva a ser mensageiros nas boas novas do evangelho de Jesus, assim somos enviados como povo de Deus ao mundo para fazer a vontade de Deus, incluindo pregar o evangelho e fazer discípulos.

Um dos aspectos que a Igreja tem perdido com os cultos centrados na pregação, é a visão da Cidade de Deus. A pregação é um dos aspectos centrais do drama litúrgico, porém a pregação nunca deve estar fechada somente no culto ou nas quatro paredes da "igreja local." Ela deve ser vivida e anunciada nas praças, nas conversas do café, nas reuniões da família, em todo lugar e espaço. Não precisa ser feito usando sermões, porém a pregação do evangelho puro e simples deve ser sempre ensinado em todo lugar e tempo. e não somente em longos e cansativos sermões dignos da mais pura academia, ou sermões alegres e simpáticos que atraem mais atenção ao pregador que ao próprio Senhor.
A cultura eclesiástica de que todo o culto se desenvolve ao redor da pregação, tem criado pregadores, mas não tem preparados presbíteros, nem pastores, nem ministros da palavra e sacramento. Nos encontramos diante da simple e pura realidade de que muitos dos Reformadores eram advogados e professores e, sem perceber, levaram essa cultura na igreja onde a pregação no culto tinha primazia sobre a oração, sacramento e cânticos. Por este motivo, temos que reviver o passado para criar o futuro.
A liturgia cristã teve sempre a Palavra e a Eucaristia, como parte do culto ao Senhor. O ofício divino da Santa comunhão nos leva de volta a cultos onde Deus é o centro da adoração através da Palavra e o Sacramento. O povo de Deus é instruído e Deus é celebrado. O culto não tem mais os ímpios, como centro do encontro celestial, mas o povo de Deus se congrega para o encontro com o Seu Rei para adorar na beleza da santidade de Deus. A partir deste drama revivido, o povo saí para anunciar as boas novas, discipular as nações e obedecer todo o que Jesus ensinou. Em todo, Cristo é glorificado e Deus, a Santíssima Trindade, é adorada. Somente um servo de Cristo e seu povo, e não um pregador estrela ou pop, tem a dignidade para liderar tal culto e ofício divino.

Que tal culto de adoração ao Senhor se multiplique ao redor do mundo para a glória de Deus e a edificação do seu povo.

Glória ao Pai, e ao Filho, e ao Espírito Santo;
Como era no princípio, é agora, e será sempre, por todos os séculos. Amém.


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disponível em: http://cafecomobispo.blogspot.com.br/2017/02/pregacao-culto.html?m=1

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