domingo, 16 de dezembro de 2018

O problema do ecumenismo - A Unidade da Fé



É comum hoje em dia falarmos em ecumenismo. Alguns apoiam, outros são contra, outros não sabem do que se trata. Mantendo esta questão simples, podemos dizer que há tipos diferentes de ecumenismo. O primeiro tipo é o unionismo, o movimento que prega que todas as religiões deveriam não apenas se tolerar mutuamente, mas defendem uma religiosidade que seja a soma de todas as demais, uma grande religião universal com um pouquinho de cada uma. O segundo tipo, é o ecumenismo cristão, ou seja, o grupo que defende que todas as vertentes especificamente cristãs devem buscar uma aproximação. O terceiro tipo, é o diálogo ecumênico cristão: nesta forma, não há proselitismo (a busca de tentar fazer o outro a mudar de igreja), mas a disposição de que cada um mantenha sua confessionalidade em sua própria denominação, mas também reconheça em outros grupos um cristianismo legítimo e possa dialogar com os outros sem transformar isto em um conflito. 

De certa forma este diálogo é bem presente em minha vida, tendo parte da família sendo católica, parte batista, muitos amigos presbiterianos, e eu sendo o único luterano em minha casa. Todos cristãos, com a Graça de Deus! Também tive a graça de ser chamado a participar de um grupo com esta visão de diálogo ecumênico formado por pastores e leigos. Graças a estas conversas pude me deparar com questões que me aguçaram a curiosidade e não me deixaram parar de estudar mesmo após a minha formação. 

Uma coisa, entretanto, me chamou muito a atenção em todos estes debates: os católicos, sejam romanos ou ortodoxos sempre me pareciam ser muito mais estudados que os demais! Era sempre um vocabulário que exigia que eu parasse, analisasse, abrisse alguns livros para entender primeiro a ideia que queriam comunicar e depois disso formular uma resposta. (enquanto escrevo este artigo, tem um amigo meu esperando uma resposta há uma semana e ainda estou analisando o todo da questão). 

Por fim, na verdade a questão não se trata de algum tema que nunca tenha visto, ou que se não souber a resposta eu não saiba onde recorrer, é algo muito mais sutil: POLISSEMIA. 

Esta palavra estranha significa um conceito que sempre nos deparamos no dia-a-dia: uma mesma palavra pode ser interpretada de formas muito diferentes. Eis o problema quando falamos também das questões de fé. 

Como um luterano, estudado em um seminário presbiteriano, criado em uma família batista, isto é bem claro para mim. Qualquer um que viva um ambiente plural assim saberá do que estou dizendo. É preciso escolher as palavras com muito cuidado. Uma coisa corriqueiramente dita em um meio denominacional pode ser muito malvista dentro do contexto de outra denominação. Um exemplo simples é o “livre-arbítrio” isto para um luterano significa a capacidade do homem, como um ser racional de escolher conforme a sua vontade coisas que a razão humana pode compreender. Já no meio presbiteriano, este conceito é chamado de livre-agência, e o nome “livre-arbítrio” designa uma antiga heresia da história da igreja. Esta antiga heresia, para um católico chama-se “pelagianismo”, e o livre-arbítrio volta a ser entendido como uma capacidade de escolha. 

O ponto importante aqui é que se entenda que numa mesma época, numa mesma região, falantes de uma mesma língua tendem a entender conceitos de modo diferente simplesmente porque sua vertente religiosa costuma usar o termo dentro de um contexto muito específico. 

Este ponto é muito importante, porque diz respeito ao que cremos e ao que confessamos como cristãos, e boa parte dos “debates apologéticos” que tenho visto, pouco possuem de real conteúdo apologético, e em grande parte debatedores tentam combater espantalhos construídos por eles mesmos ao considerarem que o outro está a usar o termo da mesma forma que ele o usa. 


Neste quesito, o Cristianismo sempre pregou a unidade da fé. Não que a fé DEVA ser una, mas que a fé cristã É una, e por isto mesmo a dizemos “católica”, ou seja: a mesma crida e confessada em todas as épocas e em todos os lugares. No entanto, há uma inegável diversidade dentro do cristianismo. 

De um ponto-de-vista católico romano, podemos dizer que a unidade na fé segue o conceito mais estrito, e digo isto ao me deparar com a recente excomunhão de um padre em Novo Hamburgo, entre os motivos listados pela diocese segue-se ipsis litteris o conteúdo divulgado pela própria diocese: 

“Negou, insistentemente, que “a única Igreja de Cristo, que no Símbolo confessamos una, santa, católica e apostólica, (…) constituída e organizada neste mundo como uma sociedade, subsiste na Igreja Católica, governada pelo sucessor de Pedro e pelos Bispos em comunhão com ele” (Constituição Dogmática Lumen gentium, n. 8b). Reiteradas vezes apresentou a Igreja governada visivelmente pelo Papa e pelos Bispos em comunhão com ele como sendo uma em meio a tantas outras.” 

Assim, podemos entender a fé católica segundo Roma como: 

· Eclesial: A fé da Igreja precede, gera, suporta e nutre a nossa fé 

· Decorre da visibilidade da Igreja: se encontra circunscrita aos limites da igreja 

· Possui um elemento credal (os credos católicos) e um elemento confessional (dispositivos dogmáticos adstritos aos seus fiéis) 

· Entre os elementos confessionais, a fé repousa sobre o tríplice e indivisível aporte das escrituras, tradição e magistério in totum

Em suma, esta unidade eclesial da fé implica a tradição como elemento de fé católica, bem como todo o magistério, excluindo-se, portanto, a alteração de rito, a interpretação do texto bíblico e a forma de governo da competência de seus fiéis ou mesmo de seus líderes de modo individual. 

Por outro lado, vemos que o mesmo motivo que, segundo Roma levou um padre a excomunhão não seria tão severamente percebido entre os católicos ortodoxos, como a célebre citação de A.S. Chomjakov: 

“Tanto quanto a Igreja terrena e visível não é a totalidade e completitude do toda da Igreja que o Senhor indicou para aparecer no julgamento final de toda criação, ela age e conhece somente o que está dentro dos seus limites próprios; e... não julga o resto da humanidade, e só olha para aqueles como excluídos, isto é, não pertencendo a ela, aqueles que se excluíram a si próprios. O resto da humanidade, seja estranho à Igreja, ou a ela unidos por laços que Deus não quis revelar a ela, ela deixa para o julgamento do Grande Dia» (The Church is One, Seção 1) 

É um ponto relevante que para o católico ortodoxo, não existe a ideia romana de ser a tradição um dos pilares da fé, antes, fé e tradição são termos iguais, assim, podemos ler segundo publicado pela Arquidiocese Ortodoxa de Buenos Aires:
“Tradição Cristã, nesse caso é a fé que Jesus Cristo concedeu aos Apóstolos, e que desde os tempos apostólicos tem sido passada de geração em geração na Igreja (Comparar com Paulo I Co. 15:3). Mas para um Cristão Ortodoxo, Tradição significa algo mais concreto e específico que isso. Significa os livros da Sagrada Escritura; significa o Credo; significa os decretos dos Concílios Ecumênicos e os escritos dos Padres; significa os Canons, os Livros de Ofícios, os Santos Ícones — de fato o sistema doutrinal completo, o governo da Igreja, a louvação e a arte que foram articuladas pelos séculos. O Cristão Ortodoxo de hoje vê-se como herdeiro e guardião da grande herança recebida do passado, e ele acredita ser sua obrigação transmiti-la não prejudicada ao futuro. (...) Com certeza (assim esse grupo estrito acrescenta) a graça divina é ativa entre muitos não-Ortodoxos, e se eles são sinceros em seu amor por Deus, então podemos estar seguros que Deus terá misericórdia por eles; mas eles não podem em seu estado presente, ser denominados membros da Igreja. Trabalhadores pela unidade Cristã que não encontram com frequência essa escola rigorista não podem esquecer que tais opiniões são sustentadas por muitos Ortodoxos de grande erudição e santidade.” 

Assim, podemos entender a fé católica segundo a Ortodoxia como: 

· Eclesial: A fé da Igreja precede, gera, suporta e nutre a nossa fé 

· Decorre da visibilidade da Igreja, mas não se encontra circunscrita aos limites da igreja 

· Possui um elemento credal (os credos católicos) e um elemento confessional (dispositivos dogmáticos adstritos aos seus fiéis) 

· Entre os elementos confessionais, a fé inclui todo um zeitgeist por ser indivisível da tradição, portanto não fazendo diferenciação entre elementos essenciais e não-essenciais para a salvação. 

· Admitem a unidade na diversidade: A Igreja Ortodoxa é uma família de Igrejas irmãs, descentralizadas em estrutura, o que significa que comunidades separadas podem ser integradas sem perder sua autonomia, a unidade do magistério não é artigo de fé nos mesmos moldes que Roma coloca. 

Assim, conclui-se que o conceito de unidade na fé para um ortodoxo é levemente mais amplo que para um católico romano, assim, dois ortodoxos, pertencentes a patriarcados diferentes não teriam problemas em ver a igreja e a fé como sendo una, ainda que haja uma organização exterior diferente, um católico romano já veria nisto, seguindo rigidamente seus cânones, uma ruptura, embora ambos confessem igualmente “Creio na Igreja Una , Santa, Católica e Apostólica.” Percebe-se que o conceito de unidade não é exatamente o mesmo. 



Ainda temos outros modelos de unidade na fé, próprios do terceiro grande grupo da cristandade, os protestantes. 

Começando pelos que afirmam a catolicidade de sua fé, a saber a via media composta por Anglicanos e Luteranos. Temos nuances que valem ser notadas. 

Começando com os Anglicanos, ponderando sobre a conferência Anglo-Russa de 1956, o Arcebispo de Canterbury, Rev. Ramsey, noticiou o ponto de vista Ortodoxo nestes dizeres: "Os Ortodoxos com efeito disseram: “A Tradição é um fato concreto aqui está ela, em sua totalidade. Vocês, anglicanos, aceitam-na, ou vocês a rejeitam? A Tradição é para os Ortodoxos um todo indivisível: A vida inteira da Igreja em sua completitude de crença e costumes através dos séculos, incluindo Mariologia e a veneração dos ícones. Confrontado com esse desafio, a resposta foi: "Nós não olharíamos veneração de ícones e Mariologia como inadmissíveis, desde que em determinando o que é necessário para a salvação, nós nos confinemos à Sagrada Escritura." Mas essa resposta só põe em relevo o contraste entre o apelo Anglicano para o que considerado necessário para a salvação e o apelo ortodoxo para o organismo Uno e Indivisível da Tradição ("The Moscou Conference in Retrospect" Em Sobormost, serie 3, nº23, 1958, p. 562-563). 

Do lado Luterano há um contraste pertinente em seus documentos confessionais, mais especificamente na Confissão de Augsburg: 

“ARTIGO 7: DA IGREJA (...) Porque para a verdadeira unidade da igreja cristã é suficiente que o evangelho seja pregado unanimemente de acordo com a reta compreensão dele e os sacramentos sejam administrados em conformidade com a palavra de Deus. E para a verdadeira unidade da igreja cristã não é necessário que em toda a parte se observem cerimônias uniformes instituídas pelos homens. É como diz Paulo em Efésios 4: “Há somente um corpo e um Espírito, como também fostes chamados numa só esperança da vossa vocação; há um só Senhor, uma só fé, um só batismo. 
ARTIGO 8: QUE É A IGREJA Além disso, ainda que a igreja cristã, propriamente falando, outra coisa não é senão a congregação de todos os crentes e santos, todavia, já que nesta vida continuam entre os piedosos muitos falsos cristãos e hipócritas, também, pecadores manifestos (...) 

Martin Bucer abordou Lutero nos debates de Marburg, um célebre episódio: “Peço-te que me reconheças como irmão, ou crês que estou no erro?” Em resposta, Lutero disse: “Fica claro que não temos o mesmo espírito. Pois não podemos ter o mesmo espírito quando uma parte acredita na Palavra de Cristo com fé inocente, ao passo que, na outra, a mesma fé é censurada, contestada, difamada e violada com toda sorte de blasfêmia absurda.” E esses dois grandes grupos da Reforma nunca se reconciliaram. 

Assim, podemos entender a fé católica segundo a ala central do protestantismo histórico como: 

· Eclesial-instrumental: A fé da Igreja suporta e nutre a nossa fé em caráter instrumental sendo sua origem puramente na obra divina, a igreja é o resultado do legado da fé, mas não a gera. 

· Decorre da invisibilidade da Igreja: a comunhão dos santos não se detém aos limites denominacionais. 

· Possui um elemento credal forte (os credos católicos) e um elemento confessional (dispositivos dogmáticos adstritos aos seus fiéis). A unidade da fé é essencialmente credal. 

· Entre os elementos confessionais, a fé admite um zeitgeist marcado pela ampla liberdade devocional, portanto fazendo diferenciação entre elementos essenciais e não-essenciais para a salvação. Há a prescrição de ritos para o culto público com relativa elasticidade. 

· Admitem a unidade na diversidade: Reconhece-se uma família de Igrejas irmãs, descentralizadas em estrutura, comunidades não perdem sua autonomia, a unidade do magistério não é artigo de fé, mas reconhece-se como bom todo magistério e tradição, subordinando-os ao crivo das Escrituras. 

· Assume-se as Escrituras como FONTE de fé e prática. 

Ao contrário da ala central, por vezes também chamada de moderada dos protestantes históricos, existe a ala radical, na qual me restrinjo a falar dos presbiterianos e Batistas, os atuais grandes representantes do calvinismo e dos anabatistas, respectivamente. 

Em primeiro lugar, deve-se ressaltar, para que haja justiça que não há um compêndio único de doutrinas, para estas igrejas há alguns documentos disponíveis sobre os quais se pode optar, assim os reformados podem optar pelo diretório de Westminster e seguir uma linha mais extrema, ou pelas “três formas de unidade”, um compêndio que dialoga melhor com as outras igrejas protestantes históricas. Os Batistas possuem Declarações de Fé que se aproximam dos termos de Westminster nas duas versões históricas: 1622 e 1689, e algumas declarações das Convenções Batistas já bem mais modernas, qual delas adotar é ato discricionário de cada congregação. 

Por analisarmos o conceito de fé neste momento da ala radical da reforma, nos restringimos então às duas icônicas: Westminster e a Declaração de fé Batista de 1689. 

Em um artigo anterior chamado de “Diferenças entre Batistas e Luteranos” este ponto já foi abordado, no catecismo maior de Westminster lê-se: 

1. Qual é o fim supremo e principal do homem? Resposta. O fim supremo e principal do homem e glorificar a Deus e gozá-lo para sempre. 
Não é uma má resposta, mas disto surgiu uma discussão relevante: Como o homem então pode glorificar a Deus? Esta era uma discussão relevante, pois dela dependia o entendimento da primeira questão do catecismo. Esta questão, em termos práticos foi resolvida de uma forma que mais tarde, em 1689 os batistas colocariam em seu texto sob o ponto 6: 

Reconhecemos que há algumas circunstâncias, concernentes à adoração a Deus e ao governo da igreja, que são peculiares às sociedades e costumes humanos, e que devem ser ordenadas pela luz da natureza e pela prudência cristã, segundo as normas gerais da Palavra que sempre devem ser observadas. 

Para que o homem cumpra seu fim de glorificar a Deus, além dos ditames Bíblicos para agravar as consciências e nos deixar o que deve e o que não deve ser feito, também se admite como regra para o fim de que o homem possa glorificar, as listas de regras sobre a prudência, formuladas por cada igreja local. A exemplo disto, criou-se o conceito de que o consumo de álcool seja pecado, o fumo, embora visto como pecado entre os brasileiros, é aceito entre os americanos, ideias políticas diferentes da cosmovisão ditada, também seriam pecados, mesmo que não haja respaldo escriturístico diretamente sobre o tema. 

Neste sentido, a tradição reformada chamará estas listas de prudência cristã de “cosmovisão cristã” e os batistas a chamarão de “mordomia cristã”, sendo basicamente equivalentes. 

Assim, podemos entender a fé segundo a ala radical do protestantismo histórico como: 

· Não católica: nega-se, via de regra, haver um mesmo depósito de fé entre o protestantismo e os católicos, sejam romanos ou ortodoxos. Alguns negarão também haver fé comum com os neopentecostais. 

· Eclesial-instrumental: A fé da Igreja suporta e nutre a nossa fé em caráter instrumental sendo sua origem puramente na obra divina, a igreja é o resultado do legado da fé, mas não a gera. A forma de a igreja nutrir a fé é exclusivamente através da comunhão entre irmãos e a proclamação da Palavra, exclui-se os sacramentos como fonte direta de fé. (Embora o calvinismo clássico não sustente este ponto) 

· Decorre da parcial invisibilidade da Igreja: a comunhão dos santos não se detém aos limites denominacionais, embora esta questão esteja ainda sendo trabalhada em muitas comunidades. De modo semelhante à ortodoxia, crê-se que Deus pode salvar, por Misericórdia os de fora, embora não sejam a igreja verdadeira. 

· Podem possuir um elemento credal discreto (os credos católicos) e um elemento confessional forte (dispositivos dogmáticos adstritos aos seus fiéis). A unidade da fé é essencialmente confessional. Pode haver graça divina fora da igreja, desde que o fiel individualmente creia conforme as constituições dogmáticas protestantes. 

· Entre os elementos confessionais, a fé admite apenas um zeitgeist marcado pela orientação denominada “cosmovisão” ou “mordomia”, portanto fazendo diferenciação entre elementos essenciais e não-essenciais para a salvação, preservando-se os essenciais e rejeitando-se os não-essenciais. Há a prescrição de ritos para o culto público com relativa elasticidade apenas para os presbiterianos. Batistas não possuem uma liturgia ritualística (salvo algumas congregações que individualmente decidiram adotar) 

· Admitem a unidade na diversidade: Reconhece-se uma família de Igrejas irmãs, comunidades não perdem sua autonomia, rejeita-se o magistério e a tradição histórica. Elege-se um compêndio doutrinário localmente entre as opções dadas no seio denominacional 

· Assume-se as Escrituras como REGRA de fé e prática. 



Diferenças nestas interpretações sobre o mesmo termo, com frequência tenho visto transformar grandes tratados teológicos de caráter apologético simplesmente em um peso morto. Não combatem, segundo a confessionalidade do autor uma questão real na confessionalidade de outro. Apenas pelo que se entende sobre “unidade na fé” e citada apenas uma parte das nuances do cristianismo, já se pode produzir um estudo completo. O termo “unidade”, por fim, tem vários sentidos e cada tradição cristã o entenderá de forma diversa, embora ninguém há de negar que a fé cristã seja una. 

Então nos deparamos com algo como a definição católica romana de fé como um ato de adesão pessoal, do homem todo, a Deus que se revela, e de outro lado lemos uma definição batista que diz ser a total entrega da personalidade. Ora, aderir é bem diferente de entregar segundo os dicionários. Entretanto, teologicamente, cada uma destas palavras em seus respectivos seios denominacionais, terá o mesmo sentido. Aderir é um termo que foca na ação inicial de Deus, onde o batista dirá aceitar e o luterano chamará de conversão intransitiva. Entregar, por sua vez diz respeito à resposta humana a esta ação, onde o católico dirá “crer” (art.180 CIC) e o luterano chamará de conversão transitiva. 

Se podemos até onde visto chegar a uma definição do que seja a “unidade da fé” teremos que os católicos romanos guardam a definição mais estrita, seguida pelos ortodoxos, protestantes da via media com a posição menos restritiva, e por fim, a definição da ala radical da reforma marcada por uma ruptura com os anteriores. Ainda assim, permanece a fé em todas estas linhas como a confiança no Deus que se revela e em sua promessa de perdão dos pecados, vida e salvação. Nisto toda a cristandade deposita sua convicção em uníssono, e não creio que possamos esperar uma unidade perfeita antes que passem os céus e a terra.

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