terça-feira, 27 de março de 2018

Dresdner Frauenkirche


Belíssima Igreja Luterana de Nossa Senhora de Desden (Frauenkirche), construída e decorada com os melhores artistas de toda Europa. Completada em 1743, restaurada em 2005, construída como uma igreja luterana durante o ápice do período barroco. 

Sua decoração leve e alegre com tons pastéis reflete a forma como os Luteranos sempre foram vistos, como os "cristãos alegres". A Igreja de Nossa Senhora de Dresden é uma das mais belas joias da arquitetura barroca e possui um dos maiores domos de toda a Europa, não bastasse isto, o vídeo ainda nos presenteia com a bela música do luterano Felix Mendelsohn na abertura do "Concerto de Advento". 

O nome "Frauenkirche" não é incomum, Seu nome Original, "Userer lieben Frauen", literalmente, "Igrejas de Nossa Senhora, assim no plural devido a multiplicidade de templos que foram dedicados à Mãe de Deus. Existem Frauenkirche em Meissen, Munique, Nuremberg, Bremen, fora da alemanha existem muitas igrejas, capelas e igrejas monásticas com este nome, por exemplo, na Bélgica ou França ("Notre Dame"), na Noruega ("Vår Frue kirke"), Dinamarca ("Vor Frue Kirke"), Itália ("Nostra Signora "), etc. 

Apreciem esta bela igreja luterana com esta bela obra musical da tradição luterana.

Curiosidade: Sobre esta igreja, dos oito sinos, apenas um está em uso desde 1734, portanto, parte original da construção que ainda permanece, o sino que leva o nome de Maria é justamente o mais antigo na Igreja de Nossa Senhora de Dresden.

terça-feira, 20 de março de 2018

O QUE FOI A DIETA DE AUGSBURG?

O QUE FOI A DIETA DE AUGSBURG?

É bem interessante ver o filme sobre a vida de Lutero e como ele, ao menos no filme, comemorava a audiência em Augsburg. Para quem não conhece a história, na cidade alemã de Augsburg foi feita uma assembleia, chamada de Dieta de Augsburg para se expor ao imperador alemão Carlos V um resumo dos pontos sobre o que creem os que aderiram à reforma.
Martinho Lutero não poderia estar presente, ele foi impedido por conta de um decreto em uma assembleia anterior chamada de Dieta de Worms. 
Em Worms, a questão tratada foi especificamente sobre Lutero, agora em Augsburg, a questão era sobre seus seguidores. 
O clima não era de comemoração, muito pelo contrário, Lutero mesmo disse que em Augsburgo, não tratariam com homens, mas com as próprias portas do inferno. 
Lutero sabia que aquela assembleia poderia firmar a reforma, ou sepultá-la num banho de sangue.

O documento preparado para ser apresentado em Augsburgo, chamado de Confissão de Augsburgo é até hoje o mais importante documento luterano. A Confissão foi escrita por Filipe Melanchton e expõe os pontos centrais da fé em tom cortês e demonstrando que nada se ensinava contrário às escrituras. O texto desta confissão pode ser lido na íntegra traduzido para o português por um link no topo da página. 

O que muito se tem ouvido é que a reforma luterana só ocorreu por ter sido politicamente conveniente. O que aprendemos em Augsburg é justamente o oposto. A política era o elemento menos importante ali. Convicções políticas, por mais que existam não sobreviveriam às pressões que os príncipes eleitores suportaram. 

O tom desta Dieta foi marcado logo no início das reuniões, onde o Irmão do imperador, Fernando, toma a palavra contra um dos príncipes que haviam aderido à reforma e assinado a Confissão de Augsburgo: Filipe, o Landgrave de Hesse. Os termos foram duros: Ou ele se sujeitaria, abrindo mão da Confissão que havia assinado, ou sua infidelidade custaria sua vida. Até então, as sessões haviam apenas começado e os artigos da Confissão ainda nem mesmo haviam sido apresentados. Não se tratava de uma discussão diplomática, mas de uma imposição. 

A resposta de Filipe de Hasse foi igualmente à altura. Sua resposta se tornou tão famosa quanto o discurso de Lutero em Worms anos atrás. “A permitir que me seja tirada a Palavra do Senhor, a negar o meu Deus, eu preferiria, ajoelhando-me diante de Sua Majestade, que me decepassem a cabeça!”. Dito isto, se prostrou diante de Carlos V com seu pescoço à mostra, esperando a condenação que desde o início já parecia provável. Os demais príncipes se prostraram de igual modo, dispostos a morrer ali mesmo, sem recuar. 

Os primeiros momentos já foram tensos, os príncipes alemães sabiam que corriam perigo, Melanchton escreve para Lutero nesta ocasião, afirmando estarem em grande perigo e, não fosse a moderação do Imperador, já estariam mortos. 
Mesmo diante de protestos e da oposição veemente do enviado de Roma, a Confissão pode ser lida, na ocasião, tendo a aprovação do próprio bispo de Augsburg, um dos representantes dos católicos, que chegou a afirmar ser verdadeiro tudo o que foi posto. Isto derruba a ideia de que se propunha uma separação da Igreja por parte dos Luteranos. Em todo o texto da Confissão de Augsburgo, pode-se ver que nada foi escrito para que se rompa com a unidade da fé, mas para que erros colocados ao longo dos séculos fossem revistos para se retornar à fé católica sadia. O Arcebispo de Salisburgo também reconheceu que a comunhão em ambas as espécies era algo desejável, e uma prática que não deveria ser deixada, embora rejeitasse a ideia de que um simples “monge” pudesse ser um reformador (referindo-se a Lutero). 

Os representantes do papado eram, por outro lado mais enérgicos, não debateriam, neste momento exigiam do rei que fossem imediatamente mortos. Este conselho apenas não foi levado a diante pelo improvável defensor que se levantou, o bispo de Brandemburgo, o mesmo que havia começado tudo com a questão da venda as indulgências e que levou Lutero anos antes a pregar suas teses nas portas de Wittenberg. 

Para os representantes católicos, não haveria diálogo, Melanchton e os nove príncipes deveriam ser postos à morte. E esta era uma ameaça real! 
A opiniões favoráveis e mais moderadas do Arcebispo de Brandemburgo eram respondidas pelo arcebispo de Salisburgo e pelos eleitores católicos com chamamentos à execução de todos eles. Os teólogos espanhóis orientavam que deveriam ser postos à morte se falassem contra a Igreja. 

Este era o cenário em Augsburg naqueles dias: A Dieta não era uma discussão diplomática, mas um ultimato para sufocar a reforma. Mesmo mostrando uma confissão que não afrontava a igreja católica, mas apenas ressaltava pontos a serem revistos, e por motivos justos, ainda que membros do alto escalão da Igreja tenham entendido que nada havia ali que afrontasse a Igreja, mas eram justas afirmações, o sangue deles era pedido. O desejo era de morte, e que isto se desse de modo a destruir a reforma completamente. Politicamente falando, não se poderia estar em posição pior que aqueles príncipes em Augsburg, sem o favor do soberano, podendo ser postos à morte a qualquer instante, na verdade, era o que bem queria a maioria ali. Fosse este um movimento de conveniência política, certamente esta estratégia foi a pior. 

Filipe Melanchton entendeu o que se seguiria, prevendo a morte de todos os nove príncipes e guerra no território do Sacro império, tentou negociar os termos de Augsburg para o mínimo possível. Quem o impediu de ir a diante foi justamente um dos príncipes, Felipe de Hasse, que chegou a escrever a Zwínglio: 

Melanchton está indo de costas, como um caranguejo (...) quando começamos a ceder, sempre cedemos mais. Declarai, por conseguinte, aos meus aliados que não aprovo essas pérfidas conciliações. Se somos cristãos, o que devemos procurar é não a nossa própria vantagem, mas o conforto de tantas consciências cansadas e oprimidas, para as quais não haverá salvação se afastarmos a Palavra de Deus. Esses bispos não são os verdadeiros, pois não se expressam segundo as Santas Escrituras. Se os reconheceis como tal, o que se seguiria? Eliminariam os nossos ministros, reduziriam o Evangelho ao silêncio, restabeleceriam os antigos abusos, e a situação final ficaria pior do que a primeira. Se os papistas permitirem a livre pregação do Evangelho não alterado, cheguemos a um acordo com eles, porquanto a verdade será mais poderosa e desarraigará tudo quanto restar. Contudo, se não a permitirem, nada de acordos! Não é esta a ocasião de ceder, mas de permanecer firme, mesmo até a morte. Frustrai esses temíveis ajustes de Melanchton; dizei aos delegados das cidades, de minha parte, que sejam homens, e não mulheres. Nada temamos: Deus está conosco! (D’AUBIGNÉ, Merle J. H. História da Reforma do décimo-sexto século) 
Aqui vemos um teólogo que pensava na conveniência política de livrar os príncipes, e um príncipe que o enfrentava por sua postura fraca. Eles não queriam conveniência, estavam sim dispostos a perder família, bens, poder, a própria vida, se fosse preciso. 

Em meio a tão complicada situação em Augsburg, onde a vida dos príncipes eleitores e de Melanchton estavam em perigo iminente, um mensageiro do Papa Clemente VII chega com instruções papais para que não houvesse debate, Carlos V deveria imediatamente introduzir o exército e terminar a reforma ao fio da espada. 

Os dias da Dieta se passavam de modo extremamente tenso e a ameaça de morte cada vez soava mais alto até que a resposta católica chega. 
O documento é conhecido como “Confutação Romana” e, como era de se esperar, receberem a cópia do documento que levou semanas para ser escrito estava condicionado à submissão, sem direito de resposta. Como a proposta não foi aceita, toda a Confutação Romana foi lida em voz alta, sem que os luteranos tivessem acesso ao documento escrito e prazo de apenas um dia para a resposta. 

A resposta luterana foi elaborada num extenso documento que permanece até hoje pareado com a Confissão, esta era a Apologia da Confissão. Um documento extenso onde cada um dos pontos onde houveram oposições foi extensivamente tratado. 

Tal documento não foi sequer recebido para leitura, ao invés disto e de se manter a discussão no campo teológico, onde se poderia provar, ou não, a validade das afirmações, a estratégia foi de atacar diretamente aos protestantes (que foram chamados assim desde seu protesto na Dieta de Spira). 

A George, o Margrave de Brandemburg, e signatário da Confissão, seus dois primos eleitores e seus dois irmãos, também margraves o ameaçaram com a ira do imperador. Como este não cedeu, passaram a João, duque da saxônia e o primeiro a ter assinado a Confissão, foi avisado de que perderia todos os territórios e seria punido com desterro. Seus assistentes se prontificaram a defende-lo com armas, o que foi rejeitado pelo próprio duque, que dizia que proteger a Palavra de Deus não se daria senão pela mão do próprio Deus. 

Ao perceberem o quanto os eleitores estavam dispostos a perder, entenderam que ameaçar apenas com palavras não bastaria. 
O discurso de Campeggio, o enviado de Roma sugeria a Carlos V que usasse de sua espada contra eles, fossem confiscadas suas propriedades e a nomeação de inquisidores para seguir o rastro dos que aderiram à reforma, de modo semelhante à inquisição espanhola. (lembrando que o imperador Carlos também governava a Espanha, entretanto, lá não dependia dos príncipes eleitores pois governava de modo absoluto, tudo isto acontecia lá com sua total aprovação) quanto à Universidade de Wittenberg, que fosse interditada, que os livros fossem queimados e que os monges fossem reconduzidos da universidade para os monastérios 

A situação do Imperador também não o permitia cometer deslizes, uma guerra interna fragilizaria o império e os turcos estavam forçando as fronteiras, por outro lado, a França era um poder sempre ameaçador e anos antes já havia feito uma aliança com o papado contra o Sacro Império (não havia “Alemanha” na época, a região era assim chamada de Sacro Império Romano Germânico). O Luteranismo em menos de uma década já era uma força em si mesmo. 

Sobre o clima que pairava, não se falava outra coisa senão em guerra 

Martin Bucer chegava a dizer que “haverá uma chacina dos santos tal que os massacres de Diocleciano dificilmente se lhe equipararão”, e os enviados de Nuremberg diziam que “os nossos adversários estão sedentos do nosso sangue”. 
Uma atitude então é por fim tomada, as portas da cidade de Augsburg foram fechadas, os soldados aprontaram suas posições, a guarda da cidade foi substituída pelo exército do imperador e os eleitores foram proibidos de circular. Augsburgo se transformava na prisão de todos os líderes da Reforma. Os alojamentos dos príncipes eram invadidos todas as noites e barulho era feito nos corredores a fim de que não dormissem 

Mesmo diante de tais pressões, nenhum dos signatários da Confissão estava disposto a ceder, o que espantava a corte e enfurecia ainda mais o imperador. 
João Frederico, Duque da Saxônia e príncipe eleitor consegue abandonar a cidade em segredo, isto frustrava os planos do Imperador, já que um príncipe poderia facilmente reunir o exército de nove territórios simplesmente testemunhando que seus respectivos governantes haviam sido feitos prisioneiros. 
Havia então apenas uma saída agora: o rei Carlos ordena que os protestantes se unissem aos católicos para fazer guerra contra os anabatistas e os reformados zwinglianos (da Reforma Protestantes de Genebra) 

Com uma declaração de Guerra, o que Carlos e toda a corte esperavam era que as cidades protestantes retornassem ao catolicismo temendo um massacre. Não foi o que houve. Os representantes das cidades negaram apoio à guerra contra os turcos enquanto não houvesse paz no território interno. 

Assim, a Dieta de Augsburgo chegou ao seu impasse maior. Ameaçar a vida dos príncipes eleitores não surtia efeito, ameaçar devastar o território com a guerra também não. A Dieta de Augsburgo foi encerrada sem um acordo, salvo um pacto de não haver guerra entre os príncipes pelo prazo de um ano. 

Assim termina a Dieta que firmou o luteranismo para sempre. Não fosse por ela, a principal declaração de fé, a Confissão de Augsburgo e o seu documento explicativo, a Apologia da Confissão não teriam sido escritos. 
Augsburg também foi o local onde se tornou claro o interesse dos príncipes, não na política, mas a qualquer custo manter o anúncio do Evangelho. É verdade que haviam motivações políticas para que a reforma acontecesse, mas estas motivações jamais levaria a tamanha demonstração de coragem e fé, aliás, muito mais dos próprios eleitores que do teólogo Filipe Melanchton que tentou negociar os termos. 
Eles sabiam que suas vidas estavam em perigo, mas estavam dispostos a pagar qualquer preço, mas não a recuar de suas convicções. 



Livros que tratam deste tema e são uma boa fonte de consultas: 

D’AUBIGNÉ, Merle J. H. História da Reforma do décimo-sexto século: Vol. V. São Paulo: Casa Editora Presbiteriana, 1962. 

LINDBERG, Carter. Reformas na Europa. São Leopoldo: Sinodal, 2001, p. 285.


segunda-feira, 19 de março de 2018

Católicos, Reformados e Luteranos e a Pobreza

Católicos, Reformados e Luteranos e a Pobreza

Católicos

Os católicos tendem a exaltar o pobre, os considerando como moralmente e espiritualmente superiores, basta ouvir um discurso do Papa Francisco e esta posição se torna clara.). Os pobres estão livres das posses materiais, que são as obsessões do mundo. Isto também os leva ao sofrimento, o que se confugira como ascese, ou seja, os aproxima de Deus.
O respeito católico ao pobre se manifestou na prática da pobreza voluntária. O voto de pobreza foi então associado ao sacerdócio. Ironicamente, governos de certos países de maioria católica tendem a ser pouco generosos na ajuda aos pobres, já que isto é visto como atribuição das entidades religiosas. De fato, nestes locais existem esforços de aliviar a situação da pobreza, incluindo esforços do governo, mas isto tem, na prática sido o equivalente à esmola. A visão dos reformados e de luteranos sobre a pobreza adotou posturas diferentes, a sociologia das igrejas da reforma entende a situação da pobreza como algo que precisa ser remediado. De uma parte, os reformados associam o mal da pobreza à queda moral da humanidade, ao passo que luteranos se apegam à vocação e ao trabalho como modo de vida cristão. De fato, o cristianismo como um todo tem buscado soluções para aliviar o sofrimento dos necessitados, isto inclui os católicos também, mas o que podemos observar é que o viés teológico-social da pobreza em cada tradição religiosa ajudou a moldar toda a estrutura de amparo social pelo ocidente.

Reformados

Em contraste com a visão católica, os reformados tendem a estigmatizar o pobre. A pobreza ocorre devido ao pecado. Nesta visão do cristianismo, cabe analisar o tipo de pobre em questão. Existe o pobre que traz a miséria sobre si por seu comportamento irresponsável, abuso de substancias, preguiça. Existe, entretanto o pobre que está nesta condição por circunstâncias alheias ao seu poder de decisão e estes deviam ser ajudados, e ajudá-los é uma boa obra.
Cristãos reformados ajudaram e ajudam aos pobres, com uma dose de evangelismo, a fim de fiquem livres do pecado que causa a miséria.

Nas nações influenciadas pela reforma como os Estados Unidos, Reino Unido e Países Baixos, o estigma do pobre permanece. Assim como nos países de tradição católica, a ajuda aos pobres tende a ser vista como função das comunidades eclesiásticas, as pastorais e ao ministérios de ação social. Somando-se a isto, o Estado promove os programas de "bem estar social".

Ainda se pode acrescentar que o estigma colocado sobre o pobre nestes países, para muitos dos necessitados se transformou num forte apelo para deixar a pobreza. Muitos americanos de baixa renda se sentem envergonhados por depender de auxílios e buscam a melhoria de vida para não mais necessitarem.


Luteranos

Para os luteranos, os pobres são pecadores, mas também o são os ricos e os de classe média. Todos precisam da redenção em Cristo de igual modo. Os luteranos abordam a pobreza em termos de vocação.

Todas as vocações são iguais perante Deus e também são dignas de respeito. Deus dá o pão diário para todos por meio do pobre que trabalha duro no campo, o qual pode, portanto testemunhar sua fé amando e servindo aos seus vizinhos. Mas não na mendicância! Aqueles que são pobres por não terem trabalho deve se ocupar de achar uma vocação.

Desta forma, em nações influenciadas pelo luteranismo, especificamente os países escandinavos (Dinamarca, Suécia, Finlandia e Noruega) a ênfase é de se asssegurar que o pobre encontre trabalho.
Os assim chamados "Estados de bem estar social" possuem uma estrita observância dos critérios de ajuda. Os programas de suporte são, na verdade, para ajudar o pobre a encontrar emprego. Se a família tem condições de ajudar, então ela também tem a obrigação de fazê-lo, isto porque a família também é vista como vocação.

Com a doutrina dos dois reinos, a igreja cuida das necessidades espirituais do povo, enquanto o Estado deve cuidar de suas necessidades temporais. Desta forma, nos países de maioria luterana, as igrejas passaram a tarefa de cuidar dos pobres para o Estado, o qual desenvolve programas para aliviar a pobreza assegurando-se que o pobre encontre vocação e tenha acesso ao emprego. A meta é que o pobre deixe de ser pobre.

Não se pode dizer que esta seja a única causa de os Estados Luteranos terem menos pobreza que os reformados e católicos. Existem outros fatores neste meio. Os países escandinavos são mais culturalmente e religiosamente mais homogêneos que os Estados Unidos ou o Reino Unido. isto também é certamente um fator a se levar em consideração.

domingo, 18 de março de 2018

Saint Patrick - O Perdoador



Saint Patrick - O Perdoador 


Esta semana, no dia 17 de março nos lembramos de São Patrício, ou Saint Patrick, como mais conhecido o grande evangelizador da Irlanda. 

A mística de São Patrício é algo que realmente sempre me chamou a atenção. Entendamos aqui a palavra “mística” no seu real sentido - ocupação contínua da mente nas doutrinas e práticas religiosas. Em sua "Confissão", o testemunho que ele escreveu no final de sua vida, ele diz: "Após chegar a Irlanda, eu pastoreava as ovelhas diariamente, e rezava diversas vezes ao dia - o amor de Deus e o respeito a Ele cresciam mais e mais, e minha fé se fortalecia. E meu espírito foi tocado de modo que, em um único dia, eu fazia cerca de cem orações, e mais cem à noite, mesmo quando estava nos bosques e na montanha. E antes da aurora eu me levantava para orar, e mesmo que nevasse, estivesse frio ou chovendo, nada me atingia". 

Vemos em Saint Patrick um cristão tomado pelo amor divino, mas sua história não foi sempre uma vida de piedade. São Patrício, foi capturado por piratas irlandeses em sua terra natal, a Grã-Bretanha, quando tinha 16 anos, e levado para a Irlanda, onde passou seis anos como escravo. 

Embora fosse filho de um diácono e neto de um padre, ele não professava a fé cristã, na verdade, em termos modernos, poderíamos chama-lo de ateu. Foi apenas durante seu cativeiro, quando tudo que tinha parecia perdido para sempre que ele buscou ao Senhor. Depois de seis anos de escravidão, Deus o guiou em sua fuga, entrou para o mosteiro de Ésir, na Gália (atual França). Anos depois ele foi ordenado bispo e em 432 pediu para ser enviado novamente à Irlanda, a fim de converter aquele povo a Cristo. Quando ele veio para a Irlanda como seu evangelizador, a ilha era um país pagão. Ao final de sua vida, trinta anos após sua chegada, por volta de 461, "a fé em Cristo fora firmada em todos os lugares" (Grande horológion). O trabalho de São Patrício e seus companheiros é considerado a mais bem-sucedida empreitada missionária da história da Igreja. 

Saint Patrick havia sido tomado como escravo, foi afastado de sua família a qual nunca tornou a ver, é de se supor que tenha visto seus pais serem mortos enquanto era levado como escravo. Então temos este homem que viu toda a sua vida ser brutalmente desmanchada, ser levado como escravo e passar anos em meio a um povo pagão. Ele tinha tudo para odiar sua vida, mas em contrário disto, vemos sobre a vida deste homem uma certa repetição de Daniel, o jovem da Bíblia que havia também sido levado escravo, e assim como ele, recebeu de Deus um consolo capaz de o manter firme nestes anos. 

Certamente o Patrick que deixou sua cidade aos 16 anos não era o mesmo homem que voltava. Em meio a tanto sofrimento, Patrick encontrou o consolo em Deus através de sua intensa vida de oração. O homem que voltava à Inglaterra era um cristão dedicado, que se preparou para o impensável: voltar á terra de sua escravidão, encontrar novamente os homens que o haviam roubado a adolescência, e anunciar a estes mesmos um Deus amoroso que os amava ao ponto de se entregar por eles. 

Patrick encontrou em seu coração algo raro: ele perdoou o imperdoável! Para se tornar o grande evangelizador da Irlanda, Ele precisou antes ser o maior perdoador da Irlanda! Aquele país tinha tudo que ele pudesse odiar, mas ainda assim, por causa de Cristo, ele deixou seu ressentimento, perdoou aqueles homens, e depois foi ao encontro deles com o Evangelho em sua boca e nem mesmo seus antigos senhores o puderam parar. 

E a nós? Como nos portamos diante de tão notável homem santo? 
Nossa confissão aprova honras para os Santos. Pois aqui deve-se aprovar tríplice honra. A primeira é a ação de Graças, a segunda é a confirmação da nossa fé, a terceira é a imitação. 

1- Rendemos graças à Santíssima Trindade que transformou a vida de um homem comum no maior evangelizador da Irlanda. Damos Graças a Deus por nos dar tão grande exemplo de misericórdia, por haver significado que quer salvar os homens, por haver dado mestres e dons à igreja. E estes dons, visto que são os maiores, devem ser exaltados, devendo ser louvados os próprios santos que, fielmente usaram estes dons, como Cristo louva os negociadores fiéis (Mt 5:21) 

2- O segundo culto é a confirmação da nossa fé. Quando vemos que a São Patrício é perdoada a incredulidade e todo ódio é removido, também nós somos levantados para crermos mais ainda que a Graça superabunda o pecado. 

3- A terceira honra é a imitação, primeiro da fé, em seguida nas demais virtudes.

sexta-feira, 16 de março de 2018

Hawkin, Herodes e Eu


Hawkin, Herodes e Eu

A notícia que tem tomado a Internet nestes dias tem sido a recente morte de um conhecido cientista e ateu convicto - Stephen Hawkin. Já li algumas de suas publicações e devo confessar que as vejo como nada menos que: geniais!
Ele não ficou famoso por odiar cristãos, por defender o ateísmo, ou qualquer outra coisa, mas pela sua mente brilhante: foi um físico teórico e cosmólogo britânico e um dos mais consagrados cientistas da atualidade, ocupando a cadeira de Física da universidade de Cambridge, a mesma ocupada por Isaac Newton, e tendo desempenhado importantes trabalhos nas áreas de física teórica e matemática aplicada nesta universidade.
Sua morte foi estranhamente celebrada por cristãos nas redes sociais, muitos, inclusive celebrando o fato de este agora descobrir que estava errado a respeito de Deus enquanto arde no fogo do inferno.

Por esta razão mesmo me coloquei a pensar sobre a natureza da verdadeira oposição ao que cremos, e começo pelo infame Herodes Antipas. Nada mais justo, ele nunca é mencionado vinculado a algo de bom. Herodes Antipas, filho de Herodes, o Grande (aquele que mandou matar criancinhas).

"Porque Herodes tinha prendido João, e tinha-o maniatado e encerrado no cárcere, por causa de Herodias, mulher de seu irmão Filipe;" Mateus 14:3

A situação que tornou Herodes Antipas mais lembrado, foi a prisão e morte de João Batista (Mt 14:3-12, Mc 6:17-29, Lc 3:19-20, Josefo, Antiguidades XVIII. 5. 2 ; 116-119) .

Antipas se casou com a irmã de Aretas IV, provavelmente instigado por Augusto, que era conhecido por estimular casamentos entre as famílias de governantes em nome da paz no império. Este casamento não teria sido apenas para assegurar a paz entre Judeus e Árabes, mas também porque o território de Aretas servia de defesa contra a Parthia. Desta forma, foram casados em 14 d.C..

Por volta de 15 anos depois, (29 d.C.) Antipas viajou a Roma. Em seu caminho visitou seu meio-irmão Herodes Filipe, governante de 5 regiões.  Herodias, até então, esposa de Herodes Filipe,  aparentemente era uma mulher muito ambiciosa, e Herodes Antipas parecia uma oportunidade de se tornar esposa de um tetrarca. a filha de Aretas IV  descobre o acordo e apela a seu pai.Este divórcio, não apenas constituía um insulto pessoal a Aretas IV, mas também a quebra de uma aliança política, que levou a uma posterior retaliação (Josefo. Antiguidades. XVIII. 5. 1 ; 109, 110).

Herodes Antipas e Herodias se casaram e João Batista falou contra este casamento, motivo que o levou à prisão. A denúncia de João era que ele se casou com a mulher de seu irmão, o que, segundo a lei mosaica, era condenável (Lv 18:16; 20:21) e as circunstâncias não se adequavam às exceções prescritas (Dt 25:5; Mc 12 :19) .

"Herodes o matou, e era um bom homem, e comandou os judeus a exercitarem a justiça com os homens e a piedade com Deus e o batismo” JOSEFO, Antiguidades, XVIII, v, 2.

Sobre este inimigo dos cristãos, o próprio Cristo o chamou de "aquela raposa" (Lc 13;32), tempos depois, Jesus preso se encontra com Herodes:


Quando Herodes viu Jesus, ficou muito alegre, porque havia muito tempo queria vê-lo. Pelo que ouvira falar dele, esperava vê-lo realizar algum milagre. Lucas 23:8

Que grande momento para Jesus! Na frente de um rei, representante de Roma, um homem que queria muito vê-lo e o recebe com alegria! Bastaria um milagre, algo pequeno e este inimigo do Evangelho se curvaria! 
Mas não! O Deus-homem ficou quieto, permitiu que esta alegria se transformasse em deboche, e como nem assim houve uma manifestação, Herodes Antipas o manda de volta a Pilatos.
Pela segunda vez Cristo rejeita a ideia de se tornar um homem influente, a primeira foi no deserto quando tentado.

O que o próprio Deus-homem fez com o mais influente homem e declarado inimigo? Ele não o humilhou mostrando seu poder, não o ridicularizou mesmo sabendo de seu pecado, não o atacou por ter mandado matar a seu parente e profeta de Israel, São João Batista, nada! Não havia o que se falar, seu pecado já havia sido exposto. As palavras que levaram João Batista a morte ainda ecoavam! Cristo, na verdade, sendo Luz da Luz, Verdadeiro Deus de Verdadeiro Deus, se entristecia com este homem:

Teria eu algum prazer na morte do ímpio?, palavra do Soberano Senhor. Pelo contrário, acaso não me agrada vê-lo desviar-se dos seus caminhos e viver? Ezequiel 18:23

O coração de Deus certamente se entristecia em ver Herodes Antipas, um cruel inimigo do reino, algoz de profetas, indiferente ao próprio Deus que estava diante dele. A morte deste homem não foi comemorada. Jesus não saiu da corte com um sorriso dizendo "te vejo no inferno", "te pego na saída", ou outra coisa.
Este é o Evangelho! Deus está sempre triste com o caminho do ímpio, mas ele é o pai que ao ver o filho pródigo arrependido, corre ao seu encontro, o abraça, perdoa seu pecado, lava suas feridas e dá roupas limpas! Não importa o tamanho do pecado, afinal, qual a diferença que há entre mim e Herodes? Compartilhamos da mesma natureza humana. Ele casou-se por poder, eu também gostaria muito de ser poderoso, quando criança, sempre brincava que era um rei, um super-herói, de certa forma, ainda sonhamos todos assim. Herodes se separou e casou novamente por desejo. Quem de nós não tem isto também no fundo de seu coração? Eu sei que tenho. Então o que me faz ser diferente deste homem cruel, certamente não é algo que venha de mim mesmo. Eu sou apenas um filho que sempre se arrepende e volta para casa humilhado. Deus me recebe sempre de volta com alegria, é o que o testemunho das Escrituras me dão certeza, e certamente, Herodes Antipas teria sido recebido com alegria! Se Deus pode amar um homem como eu, certamente ele poderia amar Herodes; e, se Deus pode amar alguém como Herodes, não seria um cientista ateu da atualidade que não teria lugar. Todos precisamos do mesmo arrependimento!
Por eles e por nós, rogamos: Senhor, Tem piedade!

terça-feira, 13 de março de 2018

O uso da Lei no Éden.



O uso da Lei no Éden

Um ponto interessante e que me chamou a atenção foi uma discussão sobre a passagem em que se lê: “E ordenou o Senhor Deus ao homem, dizendo: De toda a árvore do jardim comerás livremente, mas da árvore do conhecimento do bem e do mal, dela não comerás; porque no dia em que dela comeres, certamente morrerás.” Gênesis 2:16,17.
Confesso que este texto ficou um pouco acadêmico demais, porém esta foi a única forma que consegui expor em poucas linhas um assunto complexo. 

Seria esta proibição de Deus um elemento supralapsariano (anterior à queda) da Lei dado aos homens mesmo antes do anuncio evangélico ( Gn 3:15)? 
Para que possamos dizer que houve o anuncio da lei mesmo antes da queda da humanidade, precisamos pontuar objetivamente o que é a natureza da Lei. 

Em termos gerais, Lei é a vontade que prende os súditos por meio de ordens e penas; é a expressão da natureza do poder governante e revela as relações naturais dos súditos com o seu governante. Portanto, a Lei é uma expressão da natureza do legislador e estabelece a condição que é requisito para a harmonia com esta natureza.
Especificamente falando, a Lei de Deus, portanto, é a expressão geral da vontade divina imposta pelo poder, e portanto, podemos entende-la como presente no Éden em duas manifestações: 

A primeira, a Lei Elementar, gravada nos elementos, substâncias e forças da criação, são leis físicas, impostas pelo poder divino. Esta ordem física não é um fim em si mesma, mas existe por causa da ordem moral. A ordem física tem, portanto, somente uma constância relativa e, por vezes, suplementada com os milagres. Sobre esta manifestação da Lei, Santo Agostinho já dizia “ Dei Voluntas rerum natura est” ( A natureza das coisas é a vontade de Deus). Esta cambiável expressão da vontade Divina expressa na ordem das coisas, de fato é uma Lei que regia o Éden desde sua criação. 

Com efeito, há diferença entre as Leis do universo moral e as da física, a saber, que não ligamos à existência do universo moral a um ato da vontade divina, como o fazemos com o universo físico. Dizer que Deus deu existência à bondade, assim como o fez com as leis da natureza, equivaleria dizer que Deus deu existência a si mesmo. Portanto, temos na Lei moral o reflexo do caráter do próprio Deus, sendo assim, eterna e imutável como o mesmo. Sem dúvidas, falamos de uma expressão da Lei anterior ao Éden. 

Para entendermos qual a natureza da lei em Gn 2:17, deve-se ter por claro que na lei moral existe força somente por intermédio da punição, nunca pelo poder, pois isso confundiria a lei moral com a física. Na lei física, a coação vem somente através do poder e a punição é coisa impossível. Quando o homem é livre, de modo algum está sujeito à lei, no sentido físico, mas é livre SOB a lei, quando imposta pela punição. A lei de Deus, então, é simplesmente uma expressão da natureza Dele na forma de requisito moral e expressão necessária de tal natureza em vista da existência de seres morais (Sl 19:7). Concluímos que esta lei moral, imposta sob punição e pré-existente ao lapso (queda), a ideia desta harmonia ativa em Deus sob a forma de vontade, é a lei de Deus que se constitui na revelação para o homem conformar-se com a natureza divina, declarando o que deve ser.
Podemos dizer então que a Lei apresenta em todas as suas partes a natureza do único legislador, e expressa, em cada parte, incluso no Éden, o único requisito de harmonia com o Criador “Sede vós pois perfeitos, como é perfeito o vosso Pai que está nos céus.” Mateus 5:48. 

Então sobre Gn 2:17, a proibição de se comer do fruto, vemos no caso do primeiro homem o único caso onde a lei foi posta sem sua contraparte, o Evangelho. Com o primeiro pecado, toda a esperança de se obter favor divino de salvação mediante qualquer obra se perdeu. Para os pecadores, a lei continua como um meio de descobrir o pecado em sua verdadeira natureza e de compelir que se recorra à misericórdia providenciada em Cristo.

No plano soteriológico, portanto, a Lei anunciada em Gn 2:17 é interrompida por uma história que começa na queda, dando início à busca pela justificação mediante o peso da acusação da lei que agora surtia seus efeitos em seu uso regulador, como lei física que gerou a morte física, em seu segundo uso, como lei moral, surtindo efeito na punição, qual seja, destituídos da Glória de Deus, e então a narrativa volta, no capítulo 3, anunciando a mensagem evangélica em Gn 3:15.

É bem verdade que não podemos falar em terceiro uso da lei (o uso próprio dos cristãos) na norma divina anunciada anteriormente à queda, de igual modo, não podemos pensar na criação do homem sem a manifestação da Lei desde o princípio. Lembremos todos que a Lei divina conduz a Cristo. Aquele que é o ideal, também é o meio para atingir este ideal! 



Sola Gratia
Solus Christus

domingo, 11 de março de 2018

O Credo Apostólico





O Credo Apostólico (Símbolo dos Apóstolos)

"Os santos apóstolos reunidos juntos fizeram um resumo da fé, a fim de que pudéssemos compreender brevemente o elenco de toda a nossa fé. A brevidade é necessária, para que ela seja sempre mantida na memória e na lembrança." (Santo Ambrósio de Milão) 

"Ninguém escreve o Símbolo para que seja simplesmente lido, mas para que seja meditado, a fim de que o esquecimento não apague aquilo que a atenção faz conservar. Assim, a memória será para vós como um livro. Crede naquilo que ouvireis e repeti também com a boca aquilo em que acreditais. De fato, disse o apóstolo: “Crê-se com o coração para obter a justiça, e com a boca professa-se a fé para a salvação”. É esse o símbolo que meditareis e passareis adiante." (Santo Agostinho de Hipona). 

Se entendemos hoje que o Credo dos Apóstolos é uma apresentação de ensino bíblico, a doutrina ortodoxa e a base teológica da fé Cristã, então seremos capazes de compreender o princípio da catolicidade da Igreja: aquilo que foi crido em todo lugar, em todo tempo e por todos. A catolicidade da igreja nos ajuda a encontrar pontes de unidade dos cristãos na diversidade e o respeito entre as diversas confissões cristãs e denominações evangélicas. A igreja cristã sempre valorizou o Credo dos Apóstolos, inclusive durante a Reforma Protestante. Por exemplo, Martinho Lutero valorizou o Credo dos Apóstolos nos seus Catecismo Menor e o Maior; Tomás Cranmer comentou o benefício dele para a igreja e colocou no Catecismo Anglicano, e o Catecismo de Heidelberg também comenta o Credo dos Apóstolos. Diante destes fatos, os cristãos precisam perceber a importância de manter o Credo dos Apóstolos, como parte da sua vida cristã e declaração essencial da fé Cristã. 

Por que repetimos os Credos tão frequentemente? Não, não é por superstição de que isto por si espante o mal, não é para barganharmos bênçãos ao fazermos o sinal da cruz durante a recitação. Os santos pais já conheciam e ensinavam o seu devido lugar: É a proclamação da nossa fé que constantemente deve estar em nossa mente, nossa boca e em nosso coração, a cada recitação, pregamos a nós mesmos onde está firmada nossa esperança, por isto, quanto tua fé vacila, dize o Credo, quando o medo toma conta de sua alma, dize o Credo, quando se sente perdido, diz o Credo, quando o teu pecado te pesa sobre seus ossos, dize o Credo, atribulado, ansioso, em assombro e prestes a tomar decisão, dize o Credo! 



Credo Apostólico 

1º artigo (da criação): 
Creio em Deus (Mc 12:29; 12:32, Ef 4:6), Pai todo-poderoso (2 Cor 6:18)
Criador do céu e da terra (Gn 1:1; Ap 4:11)

2º artigo (da salvação): 
E em Jesus Cristo (1Cor 8:6; Ef 4:5) , seu Filho unigênito (Jo 3:16), nosso Senhor, 
o qual foi concebido pelo Espírito Santo (Col 1:15; 1:17)
nasceu da virgem Maria (Lc 1:34-35)
padeceu sob o poder de Pôncio Pilatos (Mc 15:15)
foi crucificado (1Pe 2:24) , morto (Mt 27:50) e sepultado (Mt 27:59,60)
desceu ao mundo dos mortos, 
ressuscitou no terceiro dia (Mc 9:31; 16:9; At 10:40)
subiu ao céu (At 1:9), e está sentado à direita de Deus Pai, todo-poderoso (Mc 16:19; Lc 22:69)
de onde virá (Mc 13:26; Jo 14:3; 1 Tes 4:17) para julgar os vivos e os mortos (mt 16:27; 2Cor 5:10; 2 Tim 4:1; 1 Pe 4:5)

3º artigo (da santificação): 
Creio no Espírito Santo (At 1:8)
na santa (Ef 1:4; 5:27) Igreja (Mt 16:18; Rm 12:4,5; 1 Cor 10:17) cristã (Mt 28:19; At 1:8), a comunhão dos santos, 
na remissão dos pecados (Col 2:12,13, At 22:16)
na ressurreição do corpo (Rm 6:4,5; 1Tes 4:16) e na vida eterna ( 2 Pe 3:13; Ap 21:1). Amém. 



O texto do credo em latim 

1. Credo in Deum Patrem omnipotentem, Creatorem caeli et terrae, 

2. et in Iesum Christum, Filium Eius unicum, Dominum nostrum, 

3. qui conceptus est de Spiritu Sancto, natus ex Maria Virgine, 

4. passus sub Pontio Pilato, crucifixus, mortuus, et sepultus, 

5. descendit ad ínferos, tertia die resurrexit a mortuis, 

6. ascendit ad caelos, sedet ad dexteram Dei Patris omnipotentis, 

7. inde venturus est iudicare vivos et mortuos. 

8. Credo in Spiritum Sanctum, 

9. sanctam Ecclesiam catholicam, sanctorum communionem, 

10. remissionem peccatorum, 

11. carnis resurrectionem, 

12. vitam aeternam. 

Amen.


Christliche ou Catholicam?

Tudo dependia, ao menos nos séculos XVI e XVII, se o credo era recitado em alemão ou latim. Se recitado em língua alemã, então confessamos” die ganz' CHRISTENHEIT auf Erden hält in einen Sinn gar eben." Porém, se recitado em língua latina, logo dizemos “unam sanctam CATHOLICAM et apostolicam Ecclesiam."

As duas formas sempre existiram entre os cristãos luteranos sem problemas, muitas vezes sendo usadas as duas formas, em alemão pela congregação e em latim pelo coral. Desde o início, o uso da palavra “cristã” ao invés de “católica” na confissão do credo nunca se mostrou em oposição uma a outra.

Esta diferença na forma alemã do Credo deve-se ao fato de, na época da reforma, não existir uma palavra para definir “católico” e outra para “cristão”, ao invés, ambos eram expressos como “Christliche”.




Nota 1: o símbolo () indica que nestas palavras costuma-se fazer o sinal da cruz;

Nota 2: O símbolo dos Apóstolos tem seu texto original e inalterável em língua grega, as traduções por vezes podem variar, o texto em Latim costuma ser aceito também como inalterável.

Nota 3: a palavra "símbolo" não no sentido que a palavra "símbolo" tem em grande parte das línguas modernas, mas no sentido original da palavra, derivada do latim symbolum, signo, do grego συμβάλλειν, "colocar junto".

terça-feira, 6 de março de 2018

Música - O Haupt voll Blut und Wunden (Óh, fronte ensanguentada)

O Haupt voll Blut und Wunden (Óh, fronte ensanguentada)


A todos os caros irmãos que insistem em dizer que "música do mundo" não presta pra ser cantada nas igrejas dedico esta postagem.

A melodia foi composta por Hans Hassler, para uma letra secular duma canção de amor, Mais tarde usada por Bach no coral da paixão, acabou por se tornar um dos hinos mais belos e reconhecidos comuns à tradição Romana, Luterana e Anglicana, usado nos hinários Batistas e Presbiterianos.

Este hino é um bom exemplo de melodia secular, mas, que perdeu todas as suas características de secular e tornou-se sacra através do uso intensivo com textos sacros, e na forma de prelúdios corais para órgão. O caráter desta melodia, como a conhecemos hoje é muito diferente, em sua natureza, da música popular de hoje em dia.

O “Coral da Paixão” ilustra as qualidades encontradas nos corais alemães do período da Reforma: melodias fortes, freqüente troca de harmonia, ritmo majestoso e dignificante, e espírito reverente.
Seguindo o preceito de Lutero que “o demônio não deve monopolizar as melhores melodias”.

Este é um hino profundamente devocional, que requer uma aplicação muito pessoal da morte redentora de Cristo, por relembrar seu sofrimento e morte cruel na cruz. Nele o cristão reconhece que foi o seu pecado que pôs Cristo na cruz, e foi por amor a ele que Cristo sofreu ali. Este reconhecimento traz conforto e uma confissão de gratidão e dedicação a Cristo seja seu refúgio, guia e luz, sabendo que assim viverá e dormira em paz.



Ó fronte ensangüentada

1. Ó fronte ensangüentada,
ferida pela dor,
de espinhos coroada,
marcada pelo horror!
Ó fronte, outrora ornada
de eterna glória e luz,
agora desprezada
adoro-te, Jesus!

2. Ó rosto glorioso
que sempre fez tremer
o mundo poderoso:
Fizeram-te sofrer!
O quanto estás mudado!
O teu sublime olhar,
cruelmente atormentado,
deixou já de brlhar.

3. O que tens suportado
foi minha própria dor;
eu mesmo sou culpado
de tua cruz Senhor.
Ó vê-me, aflito e pobre:
castigo mereci;
com tua graça encobre
o mal que cometi!

4. Senhor, teu sofrimento
conforta o coração.
Por teu cruel tormento
obtenho a salvação.
Ó dá que eu permaneça
contigo, fiel Senhor!
Morrendo, eu adormeça
em ti, meu Salvador!

5. No termo desta vida,
ó não me deixes só!
Concede-me guarida,
levanta-me do pó!
E se na dor pungente
meu coração tremer,
vem tu, Jesus clemente,
lembrar-me o teu sofrer!

segunda-feira, 5 de março de 2018

A Bíblia é realmente infalível?



A Bíblia é realmente infalível?



Esta é uma pergunta pertinente, afinal, não é difícil acharmos algumas incoerências. Muitas vezes as citações são equivocadas, como a passagem de Isaías 9 “Contudo, não haverá mais escuridão para os que estavam aflitos. No passado ele humilhou a terra de Zebulom e de Naftali, mas no futuro honrará a Galiléia dos gentios, o caminho do mar, junto ao Jordão. O povo que caminhava em trevas viu uma grande luz; sobre os que viviam na terra da sombra da morte raiou uma luz. Isaías 9:1,2 que ao ser repetida no evangelho segundo Mateus sofre uma alteração: "Terra de Zebulom e terra de Naftali, caminho do mar, além do Jordão, Galiléia dos gentios; o povo que vivia nas trevas viu uma grande luz; sobre os que viviam na terra da sombra da morte raiou uma luz". Mateus 4:15,16

Afinal o que exatamente foi que se ouviu quando Jesus foi batizado? Então uma voz dos céus disse: "Este é o meu Filho amado, em quem me agrado". Mateus 3:17 ou seria: “Então veio dos céus uma voz: "Tu és o meu Filho amado; em ti me agrado". Marcos 1:11?

Muitas vezes este erro não é com relação a uma citação, mas a ordem dos eventos acaba sendo alterada. Afinal, na tentação de Jesus no deserto, qual foi a ordem correta, a descrita em Mateus 4: comer o pão – jogar-se do templo – os reinos do mundo, ou seria a ordem descrita em Lucas 4: comer o pão – os reinos do mundo – jogar-se do templo? Alguém errou este relato!
Algumas vezes o relato bíblico usa de figuras de linguagem, como a hipérbole (o exagero). Afinal quem ia até João Batista? “Então ia ter com ele Jerusalém, e toda a Judéia, e toda a província adjacente ao Jordão;” Mateus 3:5. Seria mesmo todo mundo? Mais provável que tenha sido um exagero para mostrar que ele era procurado por muitas pessoas, e que algumas viajavam bastante para encontra-lo.

Então isto quer dizer que existem erros na Bíblia? Sim!
Isto significa que ela não é inerrante, como somos ensinados? Não!

Este é um grande problema da atualidade, muitos tem negado esta doutrina fundamental da inspiração divina das Escrituras, e consequentemente atacado a inerrância como artigo fundamental da fé cristã de todos os tempos, gerando divisões escandalosas com ensinos contrário aos de Cristo e dos Apóstolos. O grande problema destes é que não entendem a natureza das Escrituras. Como ela pode ter erros e ser inerrante ao mesmo tempo?

Alguns chegam a dizer que a Bíblia não é a Palavra de Deus, que esta é um livro humano, apenas contendo, em partes, a Palavra de Deus.

A Bíblia é um livro como nenhum outro! Ela carrega um elemento humano, que pode se confundir nas citações, errar quanto à ordem de alguns eventos, citar fatos científicos de modo equivocado, mas também é um livro divino, inerrante em relação aos propósitos e à Palavra de Deus.

Enquanto uma obra humana, vemos, por exemplo que ela não nos foi dada por modos sobrenaturais, sabemos que São Paulo é o autor de Romanos ( Rm 1:1), de igual modo sabemos que ele contou com um ajudante para escrever suas palavras, Tércio (Rm 16:22). De igual modo, o profeta Jeremias não recebeu os rolos escritos descendo do céu, mas o ditou ao seu escriba, Baruque (Jr 36:4). Daí vemos que a Bíblia é a Palavra de Deus, porém em linguagem humana.
O próprio testemunho no início do Evangelho segundo S. Lucas revela o esforço humano no ato de se registrar tudo: 

Muitos já se dedicaram a elaborar um relato dos fatos que se cumpriram entre nós, conforme nos foram transmitidos por aqueles que desde o início foram testemunhas oculares e servos da palavra. Eu mesmo investiguei tudo cuidadosamente, desde o começo, e decidi escrever-te um relato ordenado, ó excelentíssimo Teófilo, para que tenhas a certeza das coisas que te foram ensinadas. Lucas 1:1-4

Então, que prova temos que a Bíblia não é um livro puramente humano?
Poderia me contentar em citar inúmeras passagens que registram que Deus deu estas palavras em primeiro lugar ( 2 Pe 1:20, 21; Jr 36:1,2; 1 Co 1:1 ...) posso inclusive dizer que os autores eram a própria boca de Deus ao transmitir a mensagem (2 Co 13:3), mas aqui quero me atentar a algo realmente extraordinário, que a faz ser única: o maior testemunho de esta ser um livro Divino, é que ela carrega atributos em si mesma que encontramos somente no próprio ser de Deus.

Fé: temos o testemunho das Escrituras que a fé vem unicamente do próprio Deus, o homem não pode gerar fé salvadora em si mesmo. A Bíblia, palavra de Deus opera a fé como está escrito: “De sorte que a fé é pelo ouvir, e o ouvir pela palavra de Deus.” Romanos 10:17

Santificação: somente Deus pode santificar o homem, e ele o faz diretamente pela sua Palavra revelada a nós: “Com que purificará o jovem o seu caminho? Observando-o conforme a tua palavra.” Salmos 119:9

Eternidade: “O céu e a terra passarão, mas as minhas palavras jamais passarão". Mateus 24:35

Incorruptibilidade: “Sendo de novo gerados, não de semente corruptível, mas da incorruptível, pela palavra de Deus, viva, e que permanece para sempre.” 1 Pedro 1:23

Regenera o homem: “Por sua decisão ele nos gerou pela palavra da verdade, para que sejamos como que os primeiros frutos de tudo o que ele criou.” Tiago 1:18


Esta lista poderia se estender ainda mais. De fato, temos provas suficientes nas Escrituras da presença do elemento humano e do elemento divino, ao carregar e transmitir ao homem coisas que são encontradas apenas no próprio Deus. Não é bíblica qualquer tentativa de se alcançar a Deus sem a presença física do Evangelho. Eu creio na Bíblia, a Palavra de Deus, que opera a fé em Cristo Jesus, que admoesta e consola, e o caminho do céu nos conduz, já dizia o hino bem conhecido da juventude luterana.
É no elemento divino da Palavra que ela é infalível:
“Assim também ocorre com a palavra que sai da minha boca: Ela não voltará para mim vazia, mas fará o que desejo e atingirá o propósito para o qual a enviei.”Isaías 55:11

domingo, 4 de março de 2018

A Presença Real de Cristo no AT



A Presença Real de Cristo no AT

Lutero uma vez disse “Toda a Escritura é Cristo”, enfatizando um fator que é crucial em todo cristianismo: A revelação de Deus é Cristocêntrica! Mas como podemos falar de Cristo no Antigo Testamento? Muitos escritores modernos têm se baseado numa obra do século XIX de Wilhelm Hengstenberg, chamada “Cristologia do Antigo Testamento”. Eu mesmo cheguei a usar uma obra de mesmo nome e conteúdo parecido enquanto estudava no seminário. Toda a narrativa recai sobre as passagens messiânicas, tipologia (representações, ou sombras das coisas que haveria de vir) ou seja, falamos de profecia, não de Presença Real do Cristo pré-encarnado. Entretanto, Lutero afirmou que toda a Escritura é voltada para Cristo, não apenas estas passagens. 

Como é difícil achar bons livros sobre o tema! Alguns partiram para o criticismo histórico, que condena uma visão do Antigo Testamento voltada para Cristo, e outros autores caem por outro lado na desgastada interpretação evangelical, que adverte contra a continuidade da teologia do Antigo Testamento e do Novo (Como se Deus fosse mudar, isto tem nome, é a heresia marcionista). Em geral, muitos autores têm advertido a não buscarmos Cristo, e acima de tudo, não “cristianizarmos” a primeira aliança.

Alguns autores como Joseph Webb, o fazem ainda pior, removem do Antigo Testamento qualquer anúncio de Cristo e mesmo de Deus, alegando que cristãos devem ler a “Bíblia Hebraica”, como ele a chama, por ser um grande tratado sobre a condição humana, mitos sobre “deus”, sobre o lidar com o bem e o mal e valores meramente morais. Seria então um Testamento totalmente voltado para o homem. Não podemos de forma alguma nos esquecer que a revelação mais tardia, e especificamente a revelação de Cristo, pode sim nos guiar a entender melhor o Antigo Testamento

Aqui podemos falar em “presença real”, na forma como nós luteranos entendemos. Não estamos falando apenas da onipresença do Filho de Deus por conta de sua divindade, mas nos referimos pelo termo “presença real” pela sua presença local e tangível. Esta presença real de Cristo no Antigo Testamento é de suma importância para que se possa entender a continuidade da narrativa entre as duas porções da Bíblia como uma mesma mensagem. 

Para começarmos a entender, levaremos em consideração as palavras descritas em S. Jo 1:18 “Deus nunca foi visto por alguém. O Filho unigênito, que está no seio do Pai, esse o revelou.” Este escrito no Evangelho de João parece fazer uma referência direta para com as palavras de Jesus “Ninguém viu o Pai, a não ser aquele que vem de Deus; somente ele viu ao Pai.” João 6:46 Logo, o Deus que se revela no Antigo Testamento em sua presença real é o Filho (Ele é a imagem do Deus invisível, Col 1:15)

A consequência de entendermos o Novo Testamento como um guia com autoridade para explicar o Antigo Testamento é que passamos a entender que toda a Escritura é a revelação do Filho! 

Esta centralidade de Cristo nas Escrituras não é de forma alguma nova, nem algo que Lutero tenha inventado. Ela vem da igreja primitiva, por exemplo Justino Mártir, que escreveu por volta da metade do segundo século, fez um uso bem amplo da revelação de Cristo no Antigo Testamento nas teofanias. Cristo é o Deus revelado com quem Abraão, Isaque, Jacó tiveram contato. O Filho é Deus, nele está a plenitude da Divindade. Cristo é o Deus Revelado! O mesmo que foi gerado de uma virgem, também conversou com Moisés, visível através do fogo numa sarça. Ele se revela como Deus, como a “Glória do Senhor”, o Filho, a Sabedoria, o Anjo do Senhor, o Senhor, o Verbo. Quando Justino Mártir afirma ser este o próprio Jesus, ele não se baseia em profecias, ou tipos (sombras das coisas que viriam), ou alegorias, mas no sólido entendimento que Cristo estava presente na vida do povo de Deus em todos os eventos do Antigo Testamento. Todas as vezes que Deus falava, Justino e todos os que chamamos na história da Igreja de pais ante-nicenos (os primeiros cristãos) identificaram isto como sendo participação de Cristo.

Podemos voltar mais ainda na história do cristianismo e chegarmos aos autores da Bíblia. Se lermos Judas 5, e em sequência lermos 1 Coríntios 10, veremos que São Paulo tem por claro que Cristo guiava Israel para fora do Egito pelo Deserto, e punindo a desobediência. O que dizer então do chamado de Isaías, com aquela visão majestosa de Deus entronizado entre os anjos do céu e com seus pés firmados no lugar santíssimo do templo, e o fez temer por sua vida diante daquela visão de Deus Exaltado; Sobre esta visão, São João não deixa dúvidas:

Isaías disse isso porque viu a glória de Jesus e falou sobre ele. João 12:41 

Jesus dá testemunho de si mesmo de que ele interagiu com Abraão (Jo 8:56-59).

Esta leitura centrada em Cristo e que admite sua real presença entre o povo de Deus desde o Antigo Testamento é doutrina que vem desde o testemunho do próprio Cristo, o testemunho dos santos apóstolos, dos pais ante-nicenos, reiterada por Lutero e que devemos sempre ter diante de nós.
Por séculos muitos tentaram negar a simples verdade expressa em Jo 1:18 “Ninguém viu ao Pai”. O que podemos saber sobre o Pai afinal, senão aquilo que o Filho revelou? Antigo Testamento é voltado para Cristo, tanto quanto o Novo Testamento. Sim, sem dúvidas, o mesmo Jesus que morreu por nós na cruz é, pelo testemunho de São Paulo em 1 Coríntios 10 o mesmo Deus que tirou o povo do Egito. Isto equivale dizer que é Cristo Jesus quem afirma “"Eu sou o Senhor, o teu Deus, que te tirou do Egito, da terra da escravidão. Êxodo 20:2