segunda-feira, 19 de março de 2018

Católicos, Reformados e Luteranos e a Pobreza

Católicos, Reformados e Luteranos e a Pobreza

Católicos

Os católicos tendem a exaltar o pobre, os considerando como moralmente e espiritualmente superiores, basta ouvir um discurso do Papa Francisco e esta posição se torna clara.). Os pobres estão livres das posses materiais, que são as obsessões do mundo. Isto também os leva ao sofrimento, o que se confugira como ascese, ou seja, os aproxima de Deus.
O respeito católico ao pobre se manifestou na prática da pobreza voluntária. O voto de pobreza foi então associado ao sacerdócio. Ironicamente, governos de certos países de maioria católica tendem a ser pouco generosos na ajuda aos pobres, já que isto é visto como atribuição das entidades religiosas. De fato, nestes locais existem esforços de aliviar a situação da pobreza, incluindo esforços do governo, mas isto tem, na prática sido o equivalente à esmola. A visão dos reformados e de luteranos sobre a pobreza adotou posturas diferentes, a sociologia das igrejas da reforma entende a situação da pobreza como algo que precisa ser remediado. De uma parte, os reformados associam o mal da pobreza à queda moral da humanidade, ao passo que luteranos se apegam à vocação e ao trabalho como modo de vida cristão. De fato, o cristianismo como um todo tem buscado soluções para aliviar o sofrimento dos necessitados, isto inclui os católicos também, mas o que podemos observar é que o viés teológico-social da pobreza em cada tradição religiosa ajudou a moldar toda a estrutura de amparo social pelo ocidente.

Reformados

Em contraste com a visão católica, os reformados tendem a estigmatizar o pobre. A pobreza ocorre devido ao pecado. Nesta visão do cristianismo, cabe analisar o tipo de pobre em questão. Existe o pobre que traz a miséria sobre si por seu comportamento irresponsável, abuso de substancias, preguiça. Existe, entretanto o pobre que está nesta condição por circunstâncias alheias ao seu poder de decisão e estes deviam ser ajudados, e ajudá-los é uma boa obra.
Cristãos reformados ajudaram e ajudam aos pobres, com uma dose de evangelismo, a fim de fiquem livres do pecado que causa a miséria.

Nas nações influenciadas pela reforma como os Estados Unidos, Reino Unido e Países Baixos, o estigma do pobre permanece. Assim como nos países de tradição católica, a ajuda aos pobres tende a ser vista como função das comunidades eclesiásticas, as pastorais e ao ministérios de ação social. Somando-se a isto, o Estado promove os programas de "bem estar social".

Ainda se pode acrescentar que o estigma colocado sobre o pobre nestes países, para muitos dos necessitados se transformou num forte apelo para deixar a pobreza. Muitos americanos de baixa renda se sentem envergonhados por depender de auxílios e buscam a melhoria de vida para não mais necessitarem.


Luteranos

Para os luteranos, os pobres são pecadores, mas também o são os ricos e os de classe média. Todos precisam da redenção em Cristo de igual modo. Os luteranos abordam a pobreza em termos de vocação.

Todas as vocações são iguais perante Deus e também são dignas de respeito. Deus dá o pão diário para todos por meio do pobre que trabalha duro no campo, o qual pode, portanto testemunhar sua fé amando e servindo aos seus vizinhos. Mas não na mendicância! Aqueles que são pobres por não terem trabalho deve se ocupar de achar uma vocação.

Desta forma, em nações influenciadas pelo luteranismo, especificamente os países escandinavos (Dinamarca, Suécia, Finlandia e Noruega) a ênfase é de se asssegurar que o pobre encontre trabalho.
Os assim chamados "Estados de bem estar social" possuem uma estrita observância dos critérios de ajuda. Os programas de suporte são, na verdade, para ajudar o pobre a encontrar emprego. Se a família tem condições de ajudar, então ela também tem a obrigação de fazê-lo, isto porque a família também é vista como vocação.

Com a doutrina dos dois reinos, a igreja cuida das necessidades espirituais do povo, enquanto o Estado deve cuidar de suas necessidades temporais. Desta forma, nos países de maioria luterana, as igrejas passaram a tarefa de cuidar dos pobres para o Estado, o qual desenvolve programas para aliviar a pobreza assegurando-se que o pobre encontre vocação e tenha acesso ao emprego. A meta é que o pobre deixe de ser pobre.

Não se pode dizer que esta seja a única causa de os Estados Luteranos terem menos pobreza que os reformados e católicos. Existem outros fatores neste meio. Os países escandinavos são mais culturalmente e religiosamente mais homogêneos que os Estados Unidos ou o Reino Unido. isto também é certamente um fator a se levar em consideração.

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